Estudo realizado pelo Instituto Oceanográfico da USP demonstrou que a região do Arquipélago de Fernando de Noronha comporta-se como importante exportador larval para as regiões norte e nordeste do Brasil. A partir da análise da dispersão larval do coral M. Cavernosa, pôde-se observar a importância da região para a manutenção de outros habitats marítimos. Por meio da ideia de conectividade, a tese de doutorado de Thiago Oliveira possibilitou entender que a manutenção, proteção e maior estudo da espécie analisada e do arquipélago tratados fazem-se necessários para o equilíbrio do ecossistema marinho e da sociedade em geral.
A ideia de conectividade entre os ambientes marinhos aparece bastante no estudo realizado pelo pesquisador. De acordo com ele, um coral vai se reproduzir com outros corais da mesma região, o que não restringe a localização de sua fecundação. As larvas, decorrentes dessa reprodução, podem ser espalhadas para outras regiões, levadas pelas correntes marítimas, por exemplo. Isso seria a conectividade: a maneira com que as diferentes regiões marítimas podem impactar umas às outras. Nesse contexto, a não preservação de áreas protegidas, como o Arquipélago de Fernando de Noronha, somada à fragilidade de recomposição genética do M. Cavernosa, por exemplo, impedem o fluxo genético entre diferentes áreas do litoral brasileiro, o que desestrutura o equilíbrio ecológico marinho.
A grande fragilidade que envolve a espécie tratada pelo estudioso é a via de mão única como suas larvas têm se dispersado em direção ao norte e nordeste do Brasil. As larvas não retornam aos seus berços de Noronha. “Fernando de Noronha é um ambiente muito importante para o Brasil, em especial para a costa norte, em termos de aporte de larvas, e é uma ilha que recebe pouca ajuda de outros lugares. Apesar de toda sua importância, facilmente pode ser destruída e demoraria muito tempo para ser recuperada. Ela é isolada e está no sentido oposto das correntes”, comentou o oceanógrafo.
É importante entender que a proteção dos corais é proteger o próprio ecossistema marítimo e financeiro-alimentar. “Os corais criam um ecossistema. Eles são tão diversos quanto a Mata Atlântica, principalmente por criarem esta tridimensionalidade, na qual organismos os utilizam como esconderijo, atraindo outros indivíduos e assim por diante”, comentou o oceanógrafo ao ser questionado sobre a importância desses organismos. Assim, a presença dos corais garante um equilíbrio ecológico na população marinha e beneficia a sociedade garantindo a pesca, o turismo ecológico e a própria regulação do clima.
O trabalho de Thiago Oliveira conclui que um projeto de estudo sobre o M. Cavernosa e sua dispersão larval seria importante para a preservação da espécie, da biologia marinha e do próprio entendimento da importância do Arquipélago de Fernando de Noronha. O processo de reprodução do coral tratado, além das consequências da conectividade, ocorre sobre contextos muito específicos.
A conectividade é imprescindível para a manutenção biológica de diversas regiões, mas o tratamento específico de regiões especiais não é uma exclusão datada de outras áreas. Cuidar da nascente dos corais Monteasea é tratar de outros diversos corais e habitats marinhos a milhares de quilômetros.
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