Fernando de Noronha contribui para a manutenção do ecossistema marinho

Por meio da observação da dispersão larval do coral M. Cavernosa, estudo ressalta os cuidados com o habitat marinho e apresenta a conexão entre diferentes regiões marítimas

A Ilha de Fernando de Noronha hojé é um grande centro turístico, mas já foi uma prisão, que contava com 10 fortes. [Reprodução/Wikimedia Commons]

Estudo realizado pelo Instituto Oceanográfico da USP demonstrou que a região do Arquipélago de Fernando de Noronha comporta-se como importante exportador larval para as regiões norte e nordeste do Brasil. A partir da análise da dispersão larval do coral M. Cavernosa, pôde-se observar a importância da região para a manutenção de outros habitats marítimos. Por meio da ideia de conectividade, a tese de doutorado de Thiago Oliveira possibilitou entender que a manutenção, proteção e maior estudo da espécie analisada e do arquipélago tratados fazem-se necessários para o equilíbrio do ecossistema marinho e da sociedade em geral. 

A ideia de conectividade entre os ambientes marinhos aparece bastante no estudo realizado pelo  pesquisador. De acordo com ele, um coral vai se reproduzir com outros corais da mesma região, o que não restringe a localização de sua fecundação. As larvas, decorrentes dessa reprodução, podem ser espalhadas para outras regiões, levadas pelas correntes marítimas, por exemplo. Isso seria a conectividade: a maneira com que as diferentes regiões marítimas podem impactar umas às outras. Nesse contexto, a não preservação de áreas protegidas, como o Arquipélago de Fernando de Noronha, somada à fragilidade de recomposição genética do M. Cavernosa, por exemplo, impedem o fluxo genético entre diferentes áreas do litoral brasileiro, o que desestrutura o equilíbrio ecológico marinho.

Mapa das principais correntes marítimas que passam pela Costa Brasileira. Elas passam por um sentido único por Fernando de Noronha. [Reprodução/ Tese de Thiago Oliveira]
A grande fragilidade que envolve a espécie tratada pelo estudioso é a via de mão única como suas larvas têm se dispersado em direção ao norte e nordeste do Brasil. As larvas não retornam aos seus berços de Noronha. “Fernando de Noronha é um ambiente muito importante para o Brasil, em especial para a costa norte, em termos de aporte de larvas, e é uma ilha que recebe pouca ajuda de outros lugares. Apesar de toda sua importância, facilmente pode ser destruída e demoraria muito tempo para ser recuperada. Ela é isolada e está no sentido oposto das correntes”, comentou o oceanógrafo. 

É importante entender que a proteção dos corais é proteger o próprio ecossistema marítimo e financeiro-alimentar. “Os corais criam um ecossistema. Eles são tão diversos quanto a Mata Atlântica, principalmente por criarem esta tridimensionalidade, na qual organismos os utilizam como esconderijo, atraindo outros indivíduos e assim por diante”, comentou o oceanógrafo ao ser questionado sobre a importância desses organismos. Assim, a presença dos corais garante um equilíbrio ecológico na população marinha e beneficia a sociedade garantindo a pesca, o turismo ecológico e a própria regulação do clima.

O trabalho de Thiago Oliveira conclui que um projeto de estudo sobre o M. Cavernosa e sua dispersão larval seria importante para a preservação da espécie, da biologia marinha e do próprio entendimento da importância do Arquipélago de Fernando de Noronha. O processo de reprodução do coral tratado, além das consequências da conectividade, ocorre sobre contextos muito específicos. 

Por meio da observação da dispersão larval do coral M. Cavernosa, estudo ressalta os cuidados com o habitat marinho e apresenta a conexão entre diferentes regiões marítimas

A conectividade é imprescindível para a manutenção biológica de diversas regiões, mas o tratamento específico de regiões especiais não é uma exclusão datada de outras áreas. Cuidar da nascente dos corais Monteasea é tratar de outros diversos corais e habitats marinhos a milhares de quilômetros.

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