Estímulos elétricos podem trazer melhor desempenho esportivo

Professor Alexandre Moreira relata que pesquisa do NeuroSports Lab mostrou um aumento de 4% no desempenho de ciclistas após aplicação da neuromodulação

O NeuroSports Lab é um dos laboratórios de pesquisa da EEFE-USP [Foto: Arquivo pessoal/Alexandre Moreira]

Na prática esportiva moderna de elite, cada centímetro, cada grama e cada centésimo pode fazer a diferença. É com esse pensamento que  o NeuroSports Lab (NSL) desenvolve um método que já chegou a melhorar em até 4% o desempenho de alguns atletas. A novidade desta pesquisa em relação aos estudos já existentes é interligada à parte do cérebro que pode ser estimulada e  manipulada. Para entender melhor essa pesquisa, a AUN conversou com o vice-diretor da Escola de Educação Física e Esporte da USP e coordenador do projeto da mesma instituição, Alexandre Moreira. 

Normalmente, as pesquisas que buscam potencializar a performance dos atletas envolvem estudos relativos à parte que abriga o córtex motor. Entretanto, o professor explica que, no NSL, isso é diferente: “O estudo com ciclistas foi o primeiro trabalho em que ao invés de estimular o córtex motor primário, o estímulo aconteceu no córtex temporal, pela sua ligação com áreas subcorticais envolvidas na parte emocional e em questões psicológicas. A partir disso, passamos a verificar a possibilidade de novas modelagens dos eletrodos visando outros objetivos, ou seja, reposicionando-os para que os estímulos acelerassem o processo de recuperação de lesões, por exemplo.”

Alexandre destaca a originalidade dos trabalhos e ressalta seu pioneirismo: “Publicamos alguns trabalhos originais. Foram os primeiros trabalhos voltados não só para melhoria no desempenho, mas mostrando o potencial de aplicação da estimulação transcraniana de corrente contínua nos processos de recuperação de atletas, o que hoje é algo bastante importante no esporte”. É importante ressaltar que muitos estudos já comprovaram anteriormente a relação do físico com o psicológico. Em 2019, o professor Paulo Santiago publicou uma matéria a respeito do tema que corrobora com o que acredita o vice-diretor da EEFE-USP. 

Eletrodos posicionados para realização do processo de neuromodulação
[Foto:Arquivo pessoal/Alexandre Moreira]
O coordenador do Neuro Sportslab também conta um pouco sobre os métodos utilizados nas pesquisas dentro do laboratório. “Uma das técnicas utilizadas é o que nós chamamos de neuromodulação não invasiva, o que inclui diferentes formas de estimulação cerebral. Isso engloba tanto a estimulação elétrica quanto a estimulação magnética. O objetivo é tentar modificar a atividade do sistema nervoso humano”. Ele ainda descreve a dinâmica na prática: “A técnica mais utilizada no laboratório é a estimulação transcraniana por corrente contínua. Significa estimular eletricamente o cérebro, colocando eletrodos de silicone posicionados no couro cabeludo, e a ideia é facilitar ou inibir a atividade dos neurônios de uma dada região cerebral. Isso é o que chamamos de ‘modulação’”.

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