Depois de um dia de praia com protetor solar insuficiente dá para perceber como nossa pele é feita de camadas e mais camadas de revestimento, que se desprendem e caem de acordo com os danos causados pela luz solar. A dissertação da mestre Myrian Thiago Pruschinski Fernandes, defendida pelo Programa de Pós-Graduação Interunidades em Biotecnologia da USP pesquisou justamente como esse processo acontece e suas relações com patologias da pele.
Mais especificamente, o trabalho de Fernandes foi criar do zero um instrumento bioquímico de medição para monitorar o desenvolvimento das células epiteliais desde sua forma mais prematura até seu esgotamento.
“Diferentes abordagens têm sido exploradas para o estudo da biologia da pele, uma delas e que está na minha pesquisa é o uso de células-tronco”, diz Fernandes. Essas células tem um poder de diferenciação incomum, o que quer dizer que elas podem se desenvolver em diversas morfologias, tornando-se um neurônio por exemplo, uma célula do fígado, ou da pele, como é o caso.
O nome completo das células usadas por Fernandes é células-tronco mesenquimais (CTM) e são de fácil obtenção no cordão umbilical de recém-nascidos. No estudo, elas são influenciadas por processos bioquímicos a se diferenciarem em queratinócitos, células de revestimento. Como saber se o processo que ocorre in vitro está dando certo, em qual fase da diferenciação em função do tempo de experimento as células estão? Esse é o objetivo do monitoramento, o qual esta pesquisa foi bem sucedida em estabelecer.
Um “gene repórter” faz o papel de monitorar a diferenciação, mas sem interferir no processo. “Um reagente fotoluminescente depois verifica a presença do gene repórter e capta a diferenciação”, relata Fernandes. Com a nova descoberta, abrem-se possibilidades mais concretas para a utilização das células-tronco na medicina regenerativa, para tratamento de queimaduras por exemplo, ou doenças vinculadas a diferenciação e proliferação das células epiteliais.
Outra frente de utilização são os testes cosméticos. “A indústria tem um grande interesse em acabar com os testes animais, e essa pode ser uma saída”, afirma Fernandes. Estamos cada vez mais perto de um futuro onde os produtos podem ser testados em tecidos criados em laboratório a partir de células-tronco diferenciadas, como as deste estudo.
Faça um comentário