Terras raras compõem os chamados minérios do futuro

Terras raras são encontradas com certa abundância, mas demandam conhecimento técnico para sua retirada [Imagem: Reprodução/Unsplash: Miguel Bruna]

Quinze dos elementos mais cobiçados atualmente, sendo eles lantânio, cério, praseodímio, neodímio, samário, európio, gadolínio, térbio, disprósio, hólmio, túlio, itérbio, lutécio e ítrio, compõem a família dos lantanídeos (com exceção do ítrio) e possuem propriedades fundamentais no próximo ciclo econômico do planeta. Estas são as chamadas “terras raras”, as quais fazem parte da nova corrida por minérios e que apresentam características importantes para o desenvolvimento científico e tecnológico ambiental. Atualmente, o Brasil figura como país com a segunda maior reserva mundial de terras raras conhecida. 

O professor Caetano Juliani, diretor do Instituto de Geociências da USP (IGc) e professor titular do departamento de geologia, considera como minério do futuro todo e qualquer tipo de elemento relevante no processo de transição energética, bem como na criação de tecnologias essenciais na descarbonização da economia. Entre os minérios do futuro que se tem conhecimento, as terras raras se enquadram nessa classificação, desempenhando um papel fundamental, mas que demandam manejos técnico-científicos mais específicos para a sua exploração. 

Com a existência de uma economia de créditos de carbono, que estimula a industrialização ambientalmente consciente de produtos, a incorporação desses elementos na cadeia produtiva e a possibilidade da reciclagem de materiais em economia circular, há a redução da emissão de gases de efeito estufa, o que torna a mineração de terras raras uma aliada no meio ambiente. Mesmo com a denominação “terras raras”, esses materiais são encontrados em relativa abundância na crosta terrestre. O nome decorre da dificuldade em extrair o bem, que geralmente é encontrado associado a outros componentes, como os óxidos metálicos. 

Alguns atribuem às propriedades químicas desses elementos as principais responsáveis pela dificuldade em se extrair o recurso, que dependem de etapas e processos químico-físicos específicos. O valor do material pode variar bastante, a depender do tratamento e do nível de pureza do elemento. Os processos de extração podem ser custosos e com impactos no meio ambiente. 

Terras raras e suas aplicações

No cotidiano, elas estão presentes em aparelhos eletrônicos, no desenvolvimento de ímãs permanentes, baterias recarregáveis, lâmpadas luminescentes, além de serem itens imprescindíveis nos sistemas de energia eólica, motores elétricos, drives de disco rígido, amplificadores de som e na indústria aeroespacial. A maior produtora atualmente é a China, uma gigante no desenvolvimento de tecnologia de ponta. 

“Hoje, quase 40% das terras raras são utilizadas para a fabricação de ímãs permanentes. E no mercado, elas têm um potencial de crescimento muito grande não só por causa do auxílio na produção de energia alternativa e de combustíveis de veículos elétricos, como para uso como catalisadores. Por exemplo, a gente não consegue fabricar gasolina se não tivermos essas terras”, explica Juliani. 

Para ele, é exatamente isso que ocasiona a expansão de atividades econômicas com viés de menor impacto no meio ambiente, ao fomentar a criação de tecnologias de maior eficiência e menor custo, pautadas na economia verde. No entanto, a questão ambiental também não deve ser deixada de lado. É fato sua importância para a produção de uma cadeia produtiva circular, mas é no processo de retirada do bem que ocorre o problema. 

Juliani finaliza destacando que os principais impactos ambientais decorrem do processo de lavra: “Os impactos ambientais estão principalmente no processo da lavra. O impacto ambiental é normal, mas de um modo geral, se não houver a recuperação dessas áreas, o dano pode ser bem maior.” 

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