Com a pretensão de tentar reverter os danos ambientais causados à Amazônia, grande parte pelo desmatamento desenfreado, colaboradores do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP estruturaram o projeto “Amazônia 4.0”, a fim de levar para dentro da maior floresta do mundo uma série de tecnologias modernas e inovações científicas baseadas em conhecimentos tradicionais dos povos originários.
Segundo Carlos Nobre, cientista na área de clima e sistema terrestre e pesquisador colaborador do IEA, o projeto foi criado para trazer uma nova bioeconomia de floresta em pé para a Amazônia, fundamentada no conceito de industrialização da Indústria 4.0. Nesse cenário, é possível realizar, por exemplo, a industrialização digital de serviços médicos e dos produtos da floresta, com potencial de gerar um polo econômico expandido e empregos em grande escala, isto é, um ecossistema de inovação e sustentabilidade de negócios.
Um dos três componentes da pesquisa é a ideia de laboratórios criativos, ou seja, biofábricas pensadas para capacitar comunidades amazônicas rurais e comunidades urbanas, principalmente alunos universitários. “Já construímos o primeiro laboratório, que vamos levar para Amazônia, um laboratório para cadeia do cacau e do cupuaçu, e nós vamos capacitar, inicialmente, quatro comunidades no estado do Pará”, conta Nobre.
O segundo é chamado Amazônia Rainbow e engloba ao menos 20 cursos online sobre aspectos econômicos da floresta. “Como você desenvolve uma economia com a floresta em pé? Como você desenvolve uma economia voltada para Amazônia? Essa é uma ideia que nós temos”, afirma o cientista.
Além disso, o “Amazônia 4.0” tem parceria com o MIT (Massachusetts Institute of Technology) e com outras universidades americanas e instituições alemãs. Dessa forma, o projeto conta com a Rainforest Business School, a qual, com um grande número de laboratórios, tem a finalidade de formar alunos capacitados para lidar com a economia e manter a floresta em pé.
Uma das dificuldades da pesquisa é a falta de recursos financeiros: “Nunca houve nenhum interesse do governo para esse projeto. Ele não tem nenhum financiamento do governo federal”. “O projeto está centrado ao Banco Interamericano de Desenvolvimento, que é um (fornecedor de) financiamento, também, para esses laboratórios criativos que estamos levando para Amazônia”, completa o colaborador do IEA. O Amazônia 4.0 também é fruto de uma parceria entre o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e é financiado pelo Instituto Arapyaú.
Apesar dos obstáculos, Carlos Nobre se mantém otimista quanto ao futuro. Seu plano é, que em quatro anos, o projeto tenha sucesso em sua implementação e que os institutos e laboratórios funcionem totalmente.
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