Amazônia 4.0 promete conservação ambiental a partir da bioeconomia

Com base na Indústria 4.0, o projeto do IEA tem potencial de capacitação e geração de empregos

26.05.2013 - Floresta Amazônica vista da torre de observação na RPPN Cristalino - Alta Floresta / MT | Foto: Carla Moura commons.wikimedia.org

Com a pretensão de tentar reverter os danos ambientais causados à Amazônia, grande parte pelo desmatamento desenfreado, colaboradores do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP estruturaram o projeto “Amazônia 4.0”, a fim de levar para dentro da maior floresta do mundo uma série de tecnologias modernas e inovações científicas baseadas em conhecimentos tradicionais dos povos originários. 

Segundo Carlos Nobre, cientista na área de clima e sistema terrestre e pesquisador colaborador do IEA, o projeto foi criado para trazer uma nova bioeconomia de floresta em pé para a Amazônia, fundamentada no conceito de industrialização da Indústria 4.0. Nesse cenário, é possível realizar, por exemplo, a industrialização digital de serviços médicos e dos produtos da floresta, com potencial de gerar um polo econômico expandido e empregos em grande escala, isto é, um ecossistema de inovação e sustentabilidade de negócios. 

Um dos três componentes da pesquisa é a ideia de laboratórios criativos, ou seja, biofábricas pensadas para capacitar comunidades amazônicas rurais e comunidades urbanas, principalmente alunos universitários. “Já construímos o primeiro laboratório, que vamos levar para Amazônia, um laboratório para cadeia do cacau e do cupuaçu,  e nós vamos capacitar, inicialmente, quatro comunidades no estado do Pará”, conta Nobre. 

O segundo é chamado Amazônia Rainbow e engloba ao menos 20 cursos online sobre aspectos econômicos da floresta. “Como você desenvolve uma economia com a floresta em pé? Como você desenvolve uma economia voltada para Amazônia? Essa é uma ideia que nós temos”, afirma o cientista.

Além disso, o “Amazônia 4.0” tem parceria com o MIT (Massachusetts Institute of Technology) e com outras universidades americanas e instituições alemãs. Dessa forma, o projeto conta com a Rainforest Business School, a qual, com um grande número de laboratórios, tem a finalidade de formar alunos capacitados para lidar com a economia e manter a floresta em pé. 

Uma das dificuldades da pesquisa é a falta de recursos financeiros: “Nunca houve nenhum interesse do governo para esse projeto. Ele não tem nenhum financiamento do governo federal”. “O projeto está centrado ao Banco Interamericano de Desenvolvimento, que é um (fornecedor de) financiamento, também, para esses laboratórios criativos que estamos levando para Amazônia”, completa o colaborador do IEA. O Amazônia 4.0 também é fruto de uma parceria entre o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e é financiado pelo Instituto Arapyaú.

Apesar dos obstáculos, Carlos Nobre se mantém otimista quanto ao futuro. Seu plano é, que em quatro anos, o projeto tenha sucesso em sua implementação e que os institutos e laboratórios funcionem totalmente. 

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