Pesquisadores da USP auxiliam na comunicação entre hospital e pacientes da medicina nuclear

Com o auxílio de uma estrutura do design voltada ao usuário, o grupo produz vídeos informativos de fácil entendimento

Projeto da FAU preenche lacunas causadas por uma comunicação ineficiente. Fonte: Reprodução/Lab Design para Saúde

A medicina nuclear se debruça sobre a fisiologia e o metabolismo do corpo, através da detecção de radioatividade, seja para fins diagnósticos ou terapêuticos. Ao contrário dosexames tradicionais, como radiografia ou ressonância magnética, que avaliam as doenças a partir de uma perspectiva anatômico-estrutural, essa especialidade da medicina analisa a função dos tecidos e órgãos.

Por envolver um material radioativo, esse método exige alguns cuidados dos pacientes, os quais devem seguir certas regras para que ele possa ser aplicado. No entanto, muitas vezes as informações não são fornecidas de maneira acessível. Isso leva à uma preparação incorreta para o exame, obrigando o paciente a ter que repetir o procedimento.

Percebendo essa dificuldade, um projeto conjunto do Serviço de Medicina Nuclear do Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas e da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU) tem realizado algumas intervenções para tentar minimizá-la. A fim de melhorar a comunicação com os pacientes, esse grupo produz vídeos de curta duração voltados ao esclarecimento dos preparos necessários ao exame.

A professora da FAU, Sara Goldchmit, que é coordenadora do Laboratório de pesquisa Design para Saúde, do qual esse projeto faz parte, aponta que o objetivo é exonerar o sistema de saúde, mas principalmente fazer a intermediação entre paciente e hospital. “Através do design, vamos ajudar a transmitir essa informação de modo que ela seja acessível, compreensível e memorizável para o paciente. Vamos tentar melhorar a compreensão da informação em saúde.”

Para que esses dados tenham um alcance amplo e de qualidade, o poder público não pode ficar isolado dessa rede. É por isso que a conexão com o Hospital das Clínicas, que futuramente irá distribuir em suas redes esse conteúdo informativo, também é crucial. Pois todo paciente quer entender sobre a sua doença ou sobre um exame, mas de maneira simples e já digerida. Goldchmit enxerga que “a comunicação médica é incompreensível para o paciente. Ele quer saber o que ele tem, só que de um jeito muito facilitado. Os canais oficiais são os que devem apresentar maior confiabilidade. Mas quando você vai procurar, esse tipo de vídeo não existe”.

Por enquanto, esses vídeos ainda não estão disponíveis para o público geral. Eles são destinados apenas aos pacientes do instituto de radiologia, os quais já somam, anualmente, 7 mil pessoas. Assim, apesar de ainda não haver dados em abundância sobre o assunto, nem resultados mais concretos, já é possível dizer que uma comunicação de mais qualidade e acessibilidade vem sendo estabelecida.

Nesse sentido, podemos ver a importância da pesquisa na área do design, possibilitando, com isso, um impacto de relevância social, que afeta questões de extrema importância na vida dos indivíduos, como por exemplo a saúde. Goldchmit ressalta: “Não é só que o design consegue atribuir uma funcionalidade, mas mudar situações, pensar de outro jeito, fora da caixa. Acho que é isso o que o design propõe, acima de tudo, de forma a construir esses projetos que são prioritários para o desenvolvimento do país.”

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