A disfunção miccional é um problema que, estima-se, afetar cerca de 5% da população mundial e 10 milhões de brasileiros, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (2017). Os dois tipos mais comuns são: bexiga hiperativa e incontinência urinária de esforço.
O primeiro diz respeito a uma síndrome que se caracteriza pela urgência em urinar, que pode ser acompanhada ou não da perda urinária. Além disso, é comum a presença de noctúria – acordar durante a noite para fazer xixi –, aumento da frequência urinária e sensação de esvaziamento incompleto.
Já na segunda, a perda urinária ocorre decorrente da alteração na pressão intra-abdominal (tossir, gargalhar, espirrar) ou de situações de impacto (correr, pular, agachar). Em alguns casos, também, pode ocorrer a incontinência urinária mista – esforço e hiperatividade.
Embora muito comum, a professora Elizabeth Alves Ferreira, do Departamento de Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Fofito) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), afirma que “perder urina não é normal. Algumas pessoas têm esse mito de que perder urina com o avanço da idade, ter uma perda urinária pequena ou se ela acontece de vez em quando é normal. Mas, perder urina nunca é normal, em nenhuma fase da vida e em nenhuma quantidade”.
Ela explica que o diagnóstico dessas disfunções é feito de forma clínica com uma equipe multidisciplinar e que a compreensão do hábito miccional do paciente é extremamente importante nesse processo. Com isso, é muito recomendado à pessoa, que ela faça o uso de um diário miccional, o qual, com os avanços tecnológicos, foram migrando para aplicativos.
A aluna de fisioterapia, Natalie Vaccari, em seu projeto de iniciação científica (2020), analisou e comparou os aplicativos gratuitos existentes em português, inglês, francês e espanhol. A pesquisa foi orientada por Elizabeth, que também é responsável pelo Laboratório de Fisioterapia da Saúde da Mulher da USP (Labfism-USP), e teve apoio da professora Leda Silveira. Ao final do trabalho, a partir dos resultados obtidos, elas começaram um processo de desenvolvimento de um aplicativo gratuito.
O “Minha Bexiga” é um diário miccional, que foi idealizado por um grupo de pesquisadores da FMUSP (Labfism e Departamento de Uroginecologia – professores Jorge Haddad e Edmund Baracat) e desenvolvido em parceria com a EMS – indústria farmacêutica multinacional brasileira. O paciente adiciona no diário sua frequência urinária, a quantidade de líquidos ingerida, a urgência em ir ao banheiro, a perda urinária, a micção noturna, o uso de fraldas ou absorventes, o humor e o sono.
Os registros podem ser contabilizados durante três ou sete dias, antes ou depois do início do tratamento. Cada paciente recebe um código, que será usado pelos médicos para acessarem as informações, o que facilita o trabalho em equipe. Além disso, o aplicativo fornece várias dicas e informações sobre o assunto, para o paciente entender melhor.
O artigo foi publicado na International Urogynecology Journal e atualmente (maio, 2022), o “Minha Bexiga” está passando por um processo de validação científica, a partir da tese de mestrado da Daniela Carro, que está testando o aplicativo em pacientes e comparando-o com o diário em papel.
“Os aplicativos não substituem os tratamentos da área de saúde. Mas eles podem ser utilizados como boas ferramentas de diagnóstico”, afirma Elizabeth, que exalta a importância do conhecimento da universidade, ser usado em prol da população.
Perder a urina, não é normal! Baixe o aplicativo “Minha Bexiga” e observe melhor seu hábitos:
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