O céu e o universo resguardam em si muitos dos mistérios da existência. Noites estreladas sempre inspiraram os maiores pensadores, como, no passado, Galileu Galilei e Aristóteles, para citar apenas alguns. Ao passo que o cientificismo tomou abordagens mais concretas e particulares, a trajetória dos campos do conhecimento das estrelas e da condição humana divergiu de maneira considerável. A Filosofia se ausentou dos estudos da astronomia e vice-versa.
Por essa razão, em sua dissertação de mestrado, o professor Rodrigo Rosas Fernandes defendeu a implementação de disciplinas de Astronomia dentro de cursos de graduação de Filosofia pelo Brasil. A proposta é apresentar cursos como matérias optativas e complementares àquilo que já é ofertado aos estudantes das escolas do pensamento.
“A filosofia nos trouxe a epistemologia, a ontologia, a metafísica, a lógica, a ética; a Astronomia nos trouxe a aplicação desses ramos através de experimentos e de outras teorias não menos filosóficas. Ambas se alimentam, ambas lidam com questões universais e necessárias”, explica o autor.
Parte do que motivou o estudo é o histórico dessas áreas no Brasil. A convergência que existia entre tais núcleos da Universidade de São Paulo (USP) foi diluída após o século 20, quando o ensino especializado tomou as rédeas. Para Rodrigo, “o ensino superior está tão fragmentado em áreas e especializações que a interdisciplinaridade é a única maneira de superar essas limitações na formação dos estudantes”.
Rodrigo complementa que tal fragmentação fomenta a ideia de que a Filosofia esteja limitada a “questões sociais”, enquanto a Astronomia lida com “uma série de questões filosóficas que são praticamente desconhecidas pelos professores e estudantes [da área de ciências humanas]”.
Com a tecnologia, a pauta ganha senso renovado de importância. Isso porque o avanço das possibilidades da Astronomia apenas expande o escopo apreensível por todas as áreas da ciência. A “Filosofia Científica”, como Rodrigo a chama, tem mais a analisar, mas também passa a ter mais elementos em sua configuração (novos e conhecidos). “Livros que estavam sumidos foram recuperados, as IES, Instituições de Ensino Superior, abriram suas bibliotecas e pesquisas, também foram criados grupos internacionais de estudos, podcasts, entre outros”, afirma.
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