Telescópio apoiado pelo Instituto de Astronomia da USP é destaque em relatório internacional

O projeto, que deve ficar pronto em 2029, promete revolucionar a ciência global e brasileira

Projeção do telescópio em sua forma final. Foto: Divulgação/GMT

O Telescópio Gigante de Magalhães (GMT, em sigla anglófona) é uma grande expectativa para os próximos anos da astronomia. Sob construção em Vallenar, no Chile, o aparato conta com presença brasileira. O relatório Astro2020, divulgado no segundo semestre de 2021, afirma: o Programa de Telescópios Extremamente Grandes dos EUA (US-ELTP) — do qual o GMT é um terço — é a principal iniciativa em Astronomia e Astrofísica não-espacial para a década atual.

Como membro-fundadora do GMT está a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), representante brasileira. O coordenador da participação nacional é Laerte Sodré Junior, docente do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo (USP).

A Fapesp, através de um investimento de 40 milhões de dólares, garantiu 4% do tempo de observação do Gigante de Magalhães para cientistas paulistas. Enquanto o aparelho segue em construção, o escritório nacional trabalha na elaboração do sistema de ótica adaptativa do telescópio e também em diferentes instrumentos científicos.

Segundo Laerte Sodré, o endosso do Astro2020 abre uma nova etapa no desenvolvimento do projeto GMT. “Esse telescópio será uma excelente oportunidade para as novas gerações de pesquisadores do Brasil e de outros países, e tem o potencial de produzir novas revoluções científicas com descobertas ainda não antecipadas”, afirma.

Para o pesquisador, o projeto é motivo de orgulho: “Acreditamos que o programa contribuirá para melhorar nossa capacitação tecnológica e também nos permitirá participar de forma mais efetiva de grandes descobertas astronômicas”.

Dentre as inovações exploradas por cientistas de São Paulo está a Câmera de Comissionamento, ou Commissioning Camera (COMCAM), que promete garantir a alta qualidade de imagens e explorar nebulosas planetárias (nuvens de gás emitidas por estrelas gigantes vermelhas no fim de suas vidas) e populações estelares em galáxias anãs — aquelas que orbitam ao redor de galáxias maiores — e próximas.

Avanços

O GMT, que deve começar a ser operado em 2029, vem recebendo outras boas novas ao longo de sua jornada. Em setembro de 2020, o projeto recebeu uma concessão de 17,5 milhões de dólares da Fundação Nacional da Ciência (NCF) dos EUA a fim de acelerar testes e protótipos.

O projeto, que resultará em um observatório de 22 andares, também recebeu aprovação de um painel de especialistas que preza pela segurança de edifícios no caso de atividades sísmicas, em especial terremotos — algo de suma importância no Chile. Os relatórios obtidos são o suficiente para garantir que o telescópio faça seu trabalho “por ao menos 50 anos”, segundo Bruce Bigelow, gerente da construção do prédio, em comunicado oficial do GMT.

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