Empresas de Bill Gates e Warren Buffett estão desenvolvendo novo modelo de reator nuclear

Projeto Natrium visa impulsionar energias renováveis através de um novo conceito de reatores

Imagem: Reprodução/Twitter/TerraPower

No dia 2 de junho, o governador do estado de Wyoming, nos Estados Unidos, Mark Gordon e as empresas TerraPower, fundada por Bill Gates, e PacifiCorp, de Warren Buffett, anunciaram a construção de um projeto piloto do reator Natrium. O novo modelo de reator será construído em uma usina de carvão desativada em Wyoming, estado com a maior produção carvoeira do país.

A iniciativa propõe um novo modelo de elaboração de reatores nucleares que combina um reator rápido de sódio com um sistema de armazenamento de sais fundidos, capaz de gerar 345 megawatts de potência. De acordo com a TerraPower, o Natrium poderá aumentar a capacidade de produção de energia em 500 megawatts por mais de cinco horas e meia quando necessário, o que é equivalente à demanda de energia para atender cerca de 400 mil residências.

O funcionamento de um reator

Um reator nuclear é uma estrutura construída para controlar a reação de fissão nuclear, quando o núcleo de um átomo pesado e instável se divide em dois núcleos atômicos médios. Em entrevista à Agência Universitária de Notícias, o professor Airton Deppman, do Instituto de Física da USP, explica que “num reator nuclear, os átomos absorvem um nêutron térmico (de baixa energia) e passam para um estado meta-estável, decaindo em seguida pelo canal de fissão, quando o núcleo se parte em dois pedaços de massas aproximadamente iguais à metade do núcleo original”.

A reação nuclear é controlada devido à intercalação de barras de combustível físsil, geralmente urânio enriquecido ou plutônio 239, com barras de moderadores de nêutrons, formadas por carbono, cádmio ou água pesada — moléculas que, no lugar de hidrogênio, possuem átomos de deutério, um isótopo mais pesado. Assim, parte dos nêutrons liberados durante a fissão é absorvida pelos núcleos dos moderadores, o que controla a reação em cadeia. Segundo Deppman, a energia cinética (de movimento) gerada pela reação é transformada em calor, que aquece o meio e movimenta turbinas responsáveis por gerar energia elétrica.

Esse tipo de fonte energética é visto com desconfiança por entidades científicas. Os riscos de acidentes nas usinas, a proliferação nuclear e a produção de lixo atômico derivado das reações são pontos criticados. “Os fragmentos gerados são, eles mesmos, estados meta-estáveis de outros núcleos, e podem demorar milhares de anos para decair, emitindo radiação de algum tipo (geralmente raios gama e beta)”, explica Deppman. 

Segundo a TerraPower, o reator Natrium usará urânio empobrecido ou urânio natural como combustível. A Union of Concerned Scientists, organização sem fins lucrativos que defende a ciência, declarou que reatores avançados podem ser mais perigosos do que os tradicionais, por terem maiores riscos de segurança, acidentes graves e proliferação nuclear.

O projeto piloto do reator Natrium levará cerca de 7 anos para ficar pronto. O governador de Wyoming, Mark Gordon, declarou que o novo modelo é o “caminho mais rápido e claro” rumo a uma pegada ecológica negativa de carbono.

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