China começa a explorar Marte

Com o Rover Zhurong, China se torna o segundo país do mundo a possuir um veículo espacial no planeta vermelho

Fotografia da superfície de Marte tirada pela sonda chinesa Tianwen-1 em março deste ano. Créditos: CNSA/Xinhua/Alamy

No dia 15 de maio, a agência governamental de notícias Xinhua comemorou o sucesso da missão Tianwen-1. O jipe-robô Rover Zhurong, nomeado em homenagem ao deus do fogo na mitologia chinesa, foi deixado em Marte por uma nave de pouso, se tornando o segundo país, dentre as nações globais, atrás dos Estados Unidos, a realizar uma expedição no planeta. No dia 19 de maio, as primeiras imagens e vídeos da aterrissagem foram divulgadas pela agência Xinhua.

Para uma fotografia do próprio Rover, o robô posicionou uma câmera sem fio no chão e se distanciou para tirar a foto. Créditos: CNSA.

Resultados Inéditos

Durante a primeira missão chinesa em Marte, a sonda Tianwen-1 deixou o Rover em uma região ao Norte do planeta conhecida como Utopia Planitia. Equipado com uma câmera multiespectral e uma série de outras ferramentas para facilitar a exploração, Zhurong poderá fornecer informações valiosas aos cientistas sobre essa superfície do planeta. Acredita-se que o local pode ter sido um lago ou mar há bilhões de anos e que possivelmente exista água congelada abaixo da superfície em um estado conhecido como pergelissolo, espécie de solo permanentemente congelado encontrado na Terra na região do Ártico.

Para o professor do Departamento de Ciências Atmosféricas do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG/USP), Amaury Augusto de Almeida, a experiência deve contribuir para ampliar o conhecimento sobre o planeta vermelho.

O projeto de exploração espacial chinês tem se destacado recentemente com feitos inéditos. O país foi pioneiro na exploração do lado escuro da lua, realizada em janeiro de 2019. Em dezembro de 2020, a sonda chinesa Chang’e-5 trouxe para a Terra material retirado da superfície lunar, primeira ocorrência de coleta de materiais no satélite natural em mais de 40 anos. “Os chineses são muito discretos e trabalham em silêncio. Porém, o ‘alarme’ foi dado com esse inédito pouso no lado oculto da Lua”, aponta Amaury de Almeida.

Imagem da sonda chinesa Chang’e-5 em sua missão na Lua. Créditos: CNSA.

O país tem se preparado para projetos mais ambiciosos, como o retorno de material geológico de Marte para a Terra e até mesmo uma missão tripulada para o planeta. No momento, a missão Tianwen-1 também testa o potencial do país em promover um retorno de materiais geológicos de Marte para a Terra até 2030.

A exploração de Marte tem sido cada vez mais acirrada, contando com a participação, além da China e dos Estados Unidos, de países como os Emirados Árabes Unidos, de organizações supranacionais, como a Agência Espacial Europeia, e da iniciativa privada com a SpaceX. Os desdobramentos da exploração chinesa podem ter efeitos significativos tanto para o conhecimento do Universo quanto para a reafirmação do país como referência internacional na área.

Imagem da plataforma de pouso tirada por Zhurong. Créditos: CNSA.

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