Em um estudo feito pela Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da USP (FEA), a pesquisadora Vanessa Boarati buscou medir o efeito dos serviços prestados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para a população diabética, provando que o sistema é eficiente, porém carece de expansão.
De acordo com Vanessa, o resultado mais relevante de sua pesquisa é a heterogeneidade entre regiões e municípios brasileiros na utilização de farmácias populares. Tais estabelecimentos, ligados ao SUS, são credenciados por livre demanda. Apesar de este ser um sistema prático, ele é falho.
Onde o SUS é negligenciado e possui poucas estruturas, irá existir poucas farmácias populares. De forma que a grande parte delas estão concentradas no Sudeste, região que possui maior população e visibilidade, enquanto no resto do país tais locais são escassos. Na Região Norte, por exemplo, existem poucas farmácias populares e a quantidade delas é quase nula nas cidades do interior.
Ainda, a insulina análoga, uma forma alterada do medicamento, não fica disponível nas farmácias populares e para obtê-la a pessoa diabética precisa recorrer judicialmente. O processo é gratuito e se o indivíduo conseguir comprovar a necessidade do medicamento, ganhará com facilidade. A questão é que a burocracia repele grande parte da população que necessita de tal recurso. De acordo com Vanessa, a grande maioria dos brasileiros que recorrem judicialmente são de classes econômicas mais altas, mesmo que o processo não exija gastos.
A judicialização, a partir da Lei de Acesso à Informação, expõe os dados dos demandantes publicamente, com análise do perfil de cada região onde ocorre a demanda. As informações apontam que 85% das pessoas que solicitaram o processo vivem em regiões com baixa vulnerabilidade e somente 6% vivem em áreas de alta vulnerabilidade. “Neste caso, os dados confirmam a literatura: a justiça é gratuita, mas quem tem a percepção do seu direito, geralmente é quem tem mais renda”.
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