A pesquisadora Juliana Ferreira, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), realiza estudo em parceria com o Instituto Oceanográfico (IO) para identificar a origem de possíveis agentes contaminantes presentes nos sedimentos da plataforma continental brasileira, situados na região conhecida como cinturão de lama, que se estende da região sul até o norte do País.
Para compreender a origem dos sedimentos (lama), a pesquisadora analisa a assinatura das amostras através da presença de terras raras no material coletado em cada região e cruza as informações com dados obtidos nos estuários de cada grande rio localizados entre o Rio da Prata e o porto de Santos.
Ao usar sua metodologia para verificar a presença de 17 tipos diferentes de terras raras nos sedimentos do cinturão de lama, a pesquisadora identificou que era possível afirmar que esses materiais vinham de origens distintas.
Os elementos analisados foram: Ítrio, Lantânio, Cério, Neodímio, Praseodímio, Samário, Európio, Gadolínio, Térbio, Disprósio, Hólmio, Érbio, Túlio, Itérbio, Lutécio, Tório e Urânio. Esses materiais nãos constituem os agentes contaminantes em si, servem apenas para compreender a origem da lama, visto que sua concentração é muito pequena, na ordem de partes por milhão.
“O projeto que desenvolvo é realizado em parceria com outros três pesquisadores do Instituto Oceanográfico”, explica Juliana. “Eles avaliam a possível presença de agentes contaminantes oriundos do Rio da Prata e de outros rios que estejam chegando aos sedimentos da costa brasileira”.
O IPT tem a capacidade de fazer análises químicas em teores mais baixos pois dispõe de um ICP-MS (espectrômetro de massas com plasma, indutivamente acoplado), equipamento capaz de analisar elementos químicos e identificar suas características.
Para analisar as amostras no ICP-MS, Juliana explica que primeiro o material coletado precisa ser solubilizado, para depois ser nebulizada e inserida na área do equipamento que induz a formação de plasma. Na última etapa, o espectrômetro de massa detecta a relação entre carga e massa dos elementos, em níveis de concentração mínimos, na casa de partes por milhão ou de dezenas por bilhão.
“A ideia de analisar as terras raras surgiu porque elas são como uma espécie de assinatura geológica. Então, o Rio da Prata vai ter uma concentração de terras raras que é característica dele e o Rio Paraíba do Sul, por exemplo, vai ter outra”, afirma a pesquisadora.
Ela explica ainda que neste momento o foco está em recolher amostras dos sedimentos presentes nos estuários dos rios presentes no trecho analisado e comparar com aqueles coletados na plataforma continental, o que deve confirmar a origem dos sedimentos presentes no cinturão de lama.
Quando a pesquisa de Juliana for concluída e somada às de seus colegas do IO, será possível determinar qual o rio de origem dos agentes contaminantes e, a partir disso, fornecer informações para que órgãos tomem medidas para evitar essa contaminação, caso necessário.
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