O Transtorno do Espectro Autista (TEA) se refere a um grupo de condições neurodesenvolvimentais caracterizado por uma quantidade de sintomas e níveis de habilidade. Apesar de afirmações de que o diagnóstico de TEA ocorre mais frequentemente hoje, ainda é válida a discussão de que talvez isso seja apenas resultado de melhores métodos de diagnóstico. Para além disso, é confirmado que os sintomas começam a aparecer nos primeiros 2 anos de vida e afeta as habilidades sociais do indivíduo. Intitulado “Atendimento fonoaudiológico a crianças com distúrbios do espectro do autismo: um estudo longitudinal”, a tese de Letícia Segeren buscou analisar os dados relacionados às crianças e adolescentes que realizaram avaliação e atendimento nos últimos 21 anos no Laboratório de Investigação Fonoaudiológica nos Distúrbios do Espectro do Autismo (LIFDEA) da USP.
Ao agrupar os dados, a pesquisadora percebeu que estavam assimétricos, tornando impossível realizar uma análise aprofundada com todos eles. Assim, dividiu-os em dois estudos. O primeiro estudo contempla todos os prontuários de pacientes que realizaram terapia fonoaudiológica entre janeiro de 1997 e dezembro de 2017. Ao analisar as informações, observou-se que a taxa de abandono do tratamento é alta e que a idade de início da terapia não está relacionada à maior manutenção do tratamento. A média de idade encontrada de início da terapia foi de seis anos.
Letícia explica: “O objetivo era ver se a idade que os pais trazem a criança está relacionada à melhor adesão, mas não observamos essa relação. Já no estudo dois, queríamos saber se o fato de o paciente começar o tratamento mais cedo está relacionado com uma maior evolução e concluímos que sim”. Assim, quanto menor a idade da criança, maior é o número de atos comunicativos por minuto que ela apresenta durante uma sessão, assim, melhor o desenvolvimento.
No segundo estudo, foram selecionados os pacientes que realizaram atendimento no LIFDEA entre os anos de 2011 e 2017 e para os quais foram obtidos dados completos referentes ao protocolo do Perfil Funcional da Comunicação (PFC) aplicados semestralmente. O PFC analisa como está ocorrendo a comunicação e quais são as funções comunicativas que ocorre.
Assim, a pesquisadora encontrou correlação positiva entre o número de respostas no PFC, o escore do desempenho sociocomunicativo e os atos comunicativos com funções mais interativas. A evolução clínica foi observada em protocolos com três anos de intervenção, sendo que no estudo dois a média de idade no início da terapia foi de cinco anos e meio.
Letícia afirma a atualidade da questão e sua importância: “Quanto antes começar o atendimento, melhor. Existem estudos que mostram todos os benefícios que a intervenção precoce traz, então um dos objetivos deste estudo foi evidenciar na prática que, quanto antes a criança chega, melhor a evolução dela”.
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