Ressonância magnética substitui tomografia para análise de articulação

Com o uso frequente dos dois exames para a análise da articulação temporomandibular, somente a ressonância consegue ser usada, salvo casos em que recomenda-se a tomografia

Ilustração: Mariana Cotrim

Diante da realidade de excesso de exames feitos em certas condições, Juliane Pirágine desenvolveu sua tese de doutorado de forma a avaliar estruturas ósseas da articulação temporomandibular (ATM) por meio de imagens da tomografia computadorizada e da ressonância magnética.

A pesquisa foi feita porque é frequente, por parte de dentistas, o pedido dos dois exames para acompanhamento. Enquanto a tomografia computadorizada é considerada o padrão para estudos das estruturas anatômicas, a ressonância magnética é usada para captar imagens de tecidos moles. Dessa forma, ambos os exames se complementam. 

O que Juliane pesquisou foi a possibilidade de ser usado somente a ressonância como exame padrão, já que ela ainda conta com a vantagem de não possuir radiação ionizante. “A ideia era comparar se a ressonância magnética é fiel à tomografia computadorizada para poder ver algumas alterações ósseas. Isso porque, hoje em dia, o que é estabelecido é que a tomografia computadorizada é o padrão ouro pra ver essa parte óssea, e a ressonância magnética pra parte de tecidos moles”, explicou.

O estudo baseou-se na seleção de imagens de algumas estruturas ósseas nas quais era possível encontrar alterações, estas sendo as mais comuns que acontecem na ATM. Foram avaliadas 56 imagens de pacientes sintomáticos. De acordo com Juliane, os resultados mostraram que há grande exatidão na identificação das estruturas, tanto na ressonância, quanto na tomografia. Para ela, “isso eliminaria o paciente de ter que fazer dois exames e principalmente na questão radiação ionizante.”

Nos termos de custo, Juliane acredita que pode haver vantagem. A ressonância magnética é um exame mais caro, se comparada à tomografia. No entanto, quando se assume que muitos pacientes realizam os dois procedimentos, a pesquisa evidencia economia nos gastos.

Outro problema é como essa descoberta pode afetar o cenário da odontologia hoje. Mesmo com a comprovação de que é útil, Juliane não acredita que será fácil uma transição na maneira de se fazer os exames. A universidade tem influência nisso. “A gente tem uma grande dificuldade na nossa formação porque temos a radiologia odontológica na graduação, onde há muito mais contato com radiografia convencional e tomografia. É muito difícil você ter na graduação essa parte de ressonância magnética”. Essa ausência, na faculdade, torna mais complicada a interpretação dos resultados, sendo necessário o laudo de um radiologista. Em alguns cursos, a presença de uma nova geração de professores ajuda na existência de algumas matérias que introduzem o exame da ressonância, mas ainda é algo recente.

Juliane espera que haja uma disseminação da pesquisa, mas ressalta que ela está muito restrita ao mundo dos pesquisadores. A ideia, agora, é “tentar divulgar isso também de alguma forma para atingir os dentistas mais clínicos, de que pode ser solicitado sim, só a ressonância, mesmo que tenha uma certa dificuldade em interpretá-la”.  

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