![[Imagem: Reprodução / Eduardo Viveiros de Castro]](https://aun.webhostusp.sti.usp.br/wp-content/uploads/meio_arawete.jpg)
Uma discussão que implica valorizar a cultura indígena, sob orientação de pesquisas que demonstram como esses povos foram ignorados ao longo do processo histórico, mas são essenciais no desenvolvimento de florestas como a Amazônia e a Mata Atlântica. Este é o objetivo do evento que acontece no dia 1º de novembro, às 19 horas, no Auditório Vermelho da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP.
Mediante um ataque às nações e reservas indígenas, a importância de reconsiderar o papel das culturas em sua forma original se tornou clara. “Não digo que a cultura precisa ser transformada em uma cultura ocidental. É reconhecer esse papel e mantê-lo do jeito que ele é”, explica o coordenador do evento e do Programa de Pós-graduação em Mudança Social e Participação Política (ProMusPP) da EACH, Diamantino Alves Correia Pereira.

Três temas orientam o debate. Um deles, “A construção social milenar das paisagens pelas nações indígenas na Amazônia”, trata da visão do arqueólogo Eduardo Goes Neves, do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP, que procura evidências de como nações indígenas residentes na Amazônia têm contribuído para fazer da floresta o que ela é hoje. Os biomas brasileiros são resultado de múltiplos fatores, dentre eles a presença e o manejo de nações indígenas.
“Até pouco tempo atrás, as pessoas achavam que era um simples desenvolvimento natural do sistema vegetativo da fauna e da flora na sua integração, mas que não havia consideração da intervenção dos seres humanos dentro desse processo”, afirma o coordenador do ProMusPP. Há estudos que comprovam que a Mata de Araucária, por exemplo, não é uma mata natural: é uma mata plantada, pois ela não poderia ter se desenvolvido naturalmente naquele período e local.
Os outros dois temas foram pesquisas de mestrado desenvolvidas no ProMusPP e se referem especificamente aos indígenas guarani, localizados no Vale do Ribeira (Mata Atlântica). “Ser com a floresta: o modo de ser indígena na reprodução e conservação das florestas” é a dissertação de Denis Robson Rodrigues e pontua como os guaranis kaiowá acreditam que há humanidade em todos os elementos, como a árvore. “A tradição para se relacionar com todos os elementos é se colocar no lugar destes e ter uma visão recíproca”, diz Diamantino Pereira.
“As populações humanas na mata Atlântica” é tema da mestre Renata Lacerda Campos, cuja pesquisa procura reavaliar a historiografia sobretudo identificando o esquecimento do papel dessas populações indígenas. “Identifica evidências históricas e até arqueológicas de como indígenas guarani foram esquecidos ao longo do processo histórico, de modo que foram minimizados no contexto do desenvolvimento territorial brasileiro”, afirma o coordenador do evento.
Para ele, a mudança social e participação política são inseparáveis no processo de valorização da cultura indígena, uma não acontece sem a outra. Diante desses pontos, o evento busca a mudança na consideração quanto a essas nações, e a participação política é um dos caminhos para fazer com que isso ocorra.
O Ciclo de Palestras e Debates do ProMuspp é gratuito e aberto ao público, sem necessidade de inscrição prévia. Para mais informações, acesse este link.
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