Desenvolvimento da tecnologia gera impactos em uma sociedade desigual

Pesquisadora analisa inserção da energia verde no mercado e como isso afeta a população mais carente

Uso de energia solar pode penalizar clientes que permanecerem utilizando energia elétrica de distribuidoras. Foto: Pixabay (www.pixabay.com)

A modernidade que vivenciamos atualmente é resultado de uma necessidade do ser humano de se interligar e se conectar permanentemente. Isso se dá principalmente através de aspectos básicos que a tecnologia proporciona, como uma maior integração e interação entre as pessoas. Esse desenvolvimento, porém, precisa ser bem regulamentado para que possa alcançar grande parte da população. Uma tecnologia que não alcança a sociedade não serve seu propósito.

É o que afirma a pesquisadora e doutora pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), Solange David. Segundo a especialista, a finalidade da tecnologia é tornar a vida do ser humano melhor. No entanto, “vivemos em uma realidade social mundial muito diferenciada, em que temos realidades sociais distintas representadas pelo dado renda”. Dessa forma, nem todos têm uma condição financeira que permita acesso a essa tecnologia.

O interesse por desenvolvimento sustentável e a tecnologia por trás de energia elétrica limpa representa uma crescente atualmente. No entanto, a desigual situação mundial limita a tecnologia a países com condição econômica e a cidadãos com condição financeira suficientes para sustentá-la. Assim, os governos devem tomar cuidado ao estimular essa iniciativa.

Políticas que incentivam a redução de custo de fontes energéticas, como a aplicação de painéis solares em imóveis, alcançam parte da população que consegue acesso a essa tecnologia. A outra parcela, a de baixa renda, permanece dependente da grande distribuidora e esta, para manter sua grande estrutura, aumenta as tarifas de seus clientes para compensar a parcela que não compra mais energia. Esse efeito é chamado de espiral da morte.

Solange David diz que a tríade que abrange as unidades de energia elétrica, desenvolvimento sustentável e tecnologia não pode ser olhada de forma segregada e deve ter uma estrutura que as regularize de forma a trazer melhores resultados.

A pesquisadora afirma que o Brasil terá de fazer uma regulação, pois no desenvolvimento de qualquer atividade econômica, a base é a regulatória. O Estado, sendo o grande responsável por estruturar o país e estabelecer as bases de desenvolvimento, deve “construir uma agenda de desenvolvimento que observe a velocidade e a mudança do papel do homem na sociedade quando se observa as conquistas democráticas.”

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