Presidente da Univesp fala sobre EAD e docência

Atrativos e preconceito são abordados em evento

Crédito: Pixabay

A presidente da Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), Maria Alice Carraturi, apresentou um panorama atual da relação docente com a Educação a Distância (EAD) e os desafios para o crescimento do formato, durante palestra ministrada no seminário “Tecnologias, Educação a Distância, Escola Integral: Em que Pé Estamos?”.

O evento, organizado pelo Grupo de Estudos “Educação Básica Pública Brasileira: Dificuldades Aparentes, Desafios Reais”, do Instituto de Estudos Avançados (IEA/USP), ocorreu no dia 22 de novembro, na Antiga Sala do Conselho Universitário.

Por intermédio das experiências no Centro Paula Souza, no qual atuou como assessora de Educação a Distância, das análises da operação da RedeFor (tema de seu doutorado) e das especificidades da Univesp, a educadora falou sobre as expectativas de quem procura a modalidade, os fatores que a tornam atrativa e a necessidade da formação permanente.

Evidências e preconceito

O Programa Especial de Formação Pedagógica para Professores de Educação Profissional de Nível Médio, do Centro Paula Souza, com “80% das atividades a distância e 20% presenciais”, despertou o interesse de bacharéis e tecnólogos. Graças à iniciativa, esses profissionais poderiam obter a licenciatura, necessária para a atuação docente na educação profissional.

De acordo com Maria Alice, baseada nos discursos dos inscritos, as expectativas eram voltadas para a melhoria do desempenho na sala de aula, o crescimento na carreira e o fato de conseguirem fazê-lo mesmo distantes da sede.

As conclusões tiradas em decorrência do Programa, embasada pelas avaliações dos alunos ao término do curso (como o dado de que para 93% dos participantes houve uma aprendizagem significativa), foram de que: “o ambiente virtual estático, sem desenho educacional, é pouco atrativo, que é possível trabalhar com conteúdos difíceis de forma simples e significativa e que quantidade não significa qualidade, haja vista que a quantidade de textos e atividades tinham que ser adequadas ao tempo que o professor tinha de dedicação”.  

Ao abordar o trabalho na Secretaria da Educação do Estado de São Paulo e os dados levantados na tese de doutorado RedeFor e a formação de gestores: novas subjetividades na educação a distância, apresentada à Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, em 2015, a presidente da Univesp comentou sobre a necessidade da formação permanente no contexto da sociedade da informação e de tornar digital a velha geração escolar (determinados docentes), que cresceu num ambiente analógico.

“A formação do professor pela Educação a Distância, que é através de tecnologia, vai tornar esse sujeito digital para essa sociedade contemporânea. Assim, ele vai poder formar ou estar nessa sociedade digital”, afirmou.

Dentre alguns aspectos observados na realização da tese, que focou no curso de especialização em gestão de escolas para diretores da rede estadual, a autora citou: um número elevado de manuais relacionados a como se portar no EAD, uma padronização do curso em relação aos módulos e roteiros (chamada de “exercício de si”) e que as ferramentas disponíveis (editor de texto, reprodutor de vídeo, wiki, fórum, pdf, Google Docs, ppt, links e blog) “são substituições de modelos presenciais”.

Com exclusividade à AUN, a educadora comentou que muito do preconceito em relação ao EAD no Brasil está ligado a sua origem como uma política compensatória (como o exemplo dos Telecursos, nos anos 70) e por algumas instituições pioneiras não terem focado na qualidade, mas, sim, na quantidade de alunos.

Essa imagem, entretanto, pode e está sendo modificada, conforme a especialista. A inserção das universidades federais e estaduais sustenta o argumento. “Elas não entrariam se não fosse uma educação de qualidade. Então acho que é assim que vamos quebrar o preconceito: mostrando que é possível fazer Educação a Distância de qualidade e oferecer ensino superior nesta modalidade com as melhores cabeças, os melhores materiais e as melhores metodologias.”  

Planejamento da Universidade

Em 2018, segundo Maria Alice, uma série de medidas serão tomadas na Univesp. “Estamos tentando acoplar o nosso ambiente virtual em inteligência artificial (machine learning) e todas as facilidades que essa tecnologia pode nos dar em eficiência no atendimento ao aluno.”

Fora o uso de novas tecnologias e a abertura de mais polos, a presidente destacou a criação de novos cursos. “Vamos criar um novo Tecnólogo em Big Data, pós-graduação em educação digital com a Universidade Aberta de Portugal (50% nosso e 50% deles) e a segunda licenciatura com o MEC para professores do Brasil todo.”

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*