As bactérias do gênero Campylobacter são a principal causa de doença bacteriana intestinal em humanos. Uma forma frequente de infecção é através do consumo de carne de aves contaminadas, já que as aves de corte são comuns e importantes hospedeiras para a bácteria, que habita seu trato gastrointestinal. Preocupada tanto com a produtividade dos lotes dessas aves quanto com a segurança do produto final, Maria Fernanda de Castro Burbarelli analisou, em seu doutorado defendido pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP (FMVZ), os resultados de dois protocolos distintos (um comum e um proposto) de limpeza e desinfecção de balcões de frango de corte.
Para o experimento, 1.920 pintos de corte foram divididos em dois alojamentos. Um deles foi inoculado com a Campylobacter jejuni, criando um desafio sanitário no galpão. O segundo lote passou pelos dois protocolos: o comum, que consiste na retirada e limpeza dos equipamentos do galpão com detergente genérico, enquanto o proposto é específico quanto aos materiais que devem passar pela profilaxia e propõe também o uso de desinfetantes especiais. Com isso, foram avaliadas uma série de questões, desde uma análise microbiológica quantificando o total de microorganismos no ambiente, à avaliação da produtividade dos lotes, até a viabilidade econômico-financeira.
O procedimento proposto apresentou vantagens em todas as frentes: “Foi possível notar uma melhora significativa no desempenho das aves”, relata Burbarelli. “Sabe-se, também, que o protocolo tem um valor mais elevado do que o protocolo comum, mas com a avaliação econômica realizada foi possível notar que a melhora do desempenho das aves, com maior crescimento destas, pode gerar maior receita, tornando viável o investimento”.
A infecção dos frangos pela bactéria, embora comum pelo contato direto com fezes contaminadas, é potencializada em ambientes não adequadamente higienizados. “Campylobacter pode sobreviver na água, tornando os bebedouros utilizados na criação de frangos uma eficiente fonte de contaminação das aves”, explica a pesquisadora. “A cama e rações contaminadas também podem ser consideradas fontes de contaminação. A reutilização da cama sem tratamento, bem como o uso subsequente de instalações sem a realização de práticas de limpeza e desinfecção favorecem essa ocorrência”.
Já em relação à carne das aves, o momento da evisceração no abate (extração do conteúdo abdominal) se torna ponto crucial para a contaminação, uma vez que a bactéria está presente no trato intestinal. “Desta maneira, a limpeza e desinfecção mostram-se indispensáveis na redução da carga bacteriana no ambiente de criação de frangos de corte, bem como para evitar a contaminação de carcaças. Para o controle de surtos de campylobacterise é necessário atuar em toda a cadeia produtiva de frangos de corte”, conclui.
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