Quimioterápico com partículas lipídicas pode ser opção para combate ao câncer de ovário

Novo tratamento é menos agressivo que quimioterapia convencional e mostrou bons resultados em casos avançados da doença

Paclitaxel associado à partículas lipídicas tem se mostrado uma possibilidade de tratamento para a doença. (Fonte: FreeStocks.org)

Uma possibilidade para as pacientes com câncer de ovário em estágio avançado pode ser o paclitaxel com nanopartículas lipídicas. É o que indica a tese de mestrado de Carolina Vital, Avaliação preliminar do tratamento de pacientes portadoras de câncer de ovário avançado com nanopartícula lipídica associada ao quimioterápico paclitaxel, defendida pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo e orientada pelo professor Raul Maranhão.

A pesquisa foi desenvolvida com pacientes do Serviço de Oncologia do Instituto do Câncer Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho, auxiliada pela médica Silvia Graziani, que aplicou o tratamento. “Foram selecionadas 14 mulheres portadoras de câncer no ovário entre 18 e 80 anos que, entre outros critérios, já tinham recebido as duas primeiras linhas da terapia sem sucesso”, explica a pesquisadora. Ou seja, já tinham a doença em estágio avançado.

Elas receberam a quimioterapia com paclitaxel associado à pequenas partículas de lipídios na dose convencional indicada para esse tipo de câncer. “A nanopartícula é um veículo para o medicamento: estudos mostram que células tumorais expressam mais os receptores das lipoproteínas captando o complexo paclitaxel-nanopartícula para dentro dessas células tumorais“, explica Vital. Assim, as gorduras associadas ao remédio, semelhantes a nossos lipídios naturais, têm maior afinidade com o câncer e garantem a ação do medicamento.

Quatro pacientes, as que mais receberam ciclos dessa terapia, apresentaram doença estável por um tempo maior do que se elas tivessem recebido tratamento convencional. Além disso, mostrou-se uma opção que proporciona maior qualidade de vida ao paciente. “É menos agressiva, sem toxicidade do quimioterápico“, afirma a pesquisadora. “Não tem os efeitos colaterais devastadores da quimioterapia tradicional, como náuseas, vômitos, queda de cabelo etc.”

Sétimo tipo de câncer com maior incidência no país, o câncer de ovário geralmente é diagnosticado em estágios avançados em 75% dos casos, muitas vezes já em metástase. “Isso acontece porque ele não apresenta um sintoma específico. O médico tem que ir investigando”, esclarece Vital. Apenas 10% das ocorrências têm relação fatores genéticos, enquanto o restante tem origem desconhecida.

Apesar dos resultados animadores, ainda são necessários mais estudos para que o tratamento fique disponível para a população. “Estamos com pesquisas em seres humanos, mas há um longo trajeto que o professor Raul está caminhando”, diz a pesquisadora.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*