Pesquisas trazem avanços no tratamento de doença de Chagas e leishmaniose

Doenças negligenciadas podem ganhar novos fármacos com auxílio de moléculas transportadoras

Pesquisas podem abrir caminhos para novos medicamentos contra doenças negligenciadas. (Fonte: Pexels.com)

Os estudos da professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas Jeanine Giarolla podem contribuir para a síntese de novos medicamentos contra a doença de Chagas e leishmaniose. Dentro da linha de pesquisa de Planejamento de novos fármacos na área de doenças negligenciadas, coordenada pela professora Elizabeth Igne Ferreira, ela desenvolveu pesquisa de mestrado, doutorado e agora trabalha em seu pós-doutorado.

Giarolla foi pioneira em aplicar dendrímeros, moléculas que podem ser desenhadas em laboratório, na busca de opções de tratamento para doenças negligenciadas. “São moléculas transportadoras usadas para transpor alguma barreira no organismo, liberar o fármaco de maneira controlada, mascarar a toxicidade do composto, entre outras funções”, esclarece a cientista.

Como são planejados, os dendrímeros têm características como massa molecular e ramificações previsíveis. Com a professora Maria Teresa Manchini, do Instituto de Química, Giarolla tem trabalhado com dendrímeros peptídicos: “É uma molécula feita de aminoácidos reconhecidos pelo parasita: assim, o composto ativo junto do dendrímero é dirigido para o invasor.”

O benznidazol é único fármaco no Brasil para combater a doença de Chagas e só é eficaz em sua fase aguda. “Essa fase dura algumas semanas e lembra uma gripe. Às vezes, a pessoa não acha que foi contaminada”, diz a pesquisadora. Além disso, o medicamento tem efeitos colaterais que muitas vezes levam o paciente a abandonar o processo. Uma vez que há a fase crônica, não há cura. “A qualidade de vida de alguém com Chagas é horrível”, afirma Giarolla.

Já a leishmaniose é combatida por fármacos muito antigos e seu tratamento tem baixa adesão por ser intravenoso, ou seja, é caro por exigir internação. “Elas são negligenciadas porque afetam principalmente populações carentes”, explica Giarolla. Assim, a indústria farmacêutica não tem interesse no ramo. “Além disso, o ciclo de vida desses protozoários é muito complexo”, adiciona a pesquisadora.

“Estamos longe, ainda, de obter um fármaco, porque existem muitas etapas para garantir que o composto não será tóxico para o ser humano”, diz Giarolla. Além dos anos de pesquisa, o processo de obtenção da molécula é difícil e caro. “Mas também aprendemos com o que não dá certo e se conseguirmos dar um passo, pelo menos, já vale a pena”.

 

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*