Núcleo de Real Estate da USP lança sistema de classificação para condomínios logísticos

Serviço que classifica qualidade de condomínios logísticos promete dar um impulso extra para a área

Área extensa com galpões de um condomínio logístico. (Foto: Maria Jackeline Chavarría)

Por Mariana Mallet Pires – marimcp97@gmail.com

A pesquisadora Maria Jackeline Chavarría, juntamente ao Núcleo de Real Estate da escola Politécnica, desenvolveu um sistema que certifica a qualidade de condomínios logísticos.  O núcleo já oferece um sistema de classificação de qualidade para prédios corporativos e, devido ao crescimento e ao número de investimentos em condomínios logísticos nos últimos 15 anos, a pesquisadora acredita na necessidade de aplicar esse sistema a esse tipo de empreendimento também.

Há alguns anos, as grandes corporações utilizavam galpões para estocarem produtos, entretanto, a administração das mesmas localizava-se em áreas diferentes. Para solucionar este problema, surgiram os condomínios logísticos, que unem a área administrativa e operativa das empresas, as quais compartilham as instalações dentro dos mesmos.

“As empresas começaram a ir para locais onde juntava tudo, onde conseguiam armazenar e colocar toda a infraestrutura de administração”, explica Jackeline. “Mas, ao levar o pessoal administrativo, precisa de outras coisas: refeitório, mais segurança, estacionamento e uma série de atributos para suprir as necessidades dos trabalhadores. Assim, criaram-se os condomínios logísticos: vários galpões alugados por empresas com infraestrutura compartilhada”.

Com os condomínios logísticos em alta, a procura por um serviço que os classifique por categoria cresceu. Para desenvolver esse sistema, a pesquisadora realizou um estudo de mercado, no qual foram levantadas as principais características presentes nessas propriedades. Em seguida, através da tecnologia Delphi, foi aplicado um questionário a especialistas sobre os atributos que os condomínios deveriam ter e quais trariam maior conforto aos usuários.

Com o resultado do questionário em mãos, o próximo passo foi criar uma Matriz de Atributos, na qual cada um destes receberia uma pontuação. Para completar a pesquisa, foi criada uma escala de classificação numérica que contém a soma dos aspectos avaliados em um condomínio logístico, podendo este se encaixar nas tipologias AAA, A, B ou C.

Condomínio Logístico visto de cima em Campinas. (Foto: GLP Campinas)

De acordo com Jackeline, uma das principais vantagens em obter o certificado é a possibilidade de mostrar ao mercado o que cada empreendimento oferece. “Muitas empresas contratam esse serviço quando acham que são classe AAA. Elas acreditam que se possuírem uma certificação que são classe AAA, vão atrair mais pessoas e conseguir cobrar mais”, conta.

Entretanto, o núcleo não compactua com essa opinião. A pesquisadora acredita que cada tipologia de classificação possui uma categoria de clientes. “Uma multinacional que precisa de muito espaço, muita segurança, vai preferir um classe AAA. Uma empresa nacional média não precisa de tantas coisas, então vai preferir um de classe A, B ou C, segundo suas necessidades.”

Contudo, donos de condomínios de categoria B ou C podem enfrentar problemas durante crises econômicas. Segundo Jackeline, em momentos de crise, quando os preços dos aluguéis abaixam, há uma tendência daqueles que pagavam por uma categoria inferior migrarem para uma superior, uma vez que com o mesmo capital é possível obter mais recursos. “Para um condomínio tipo AAA é mais fácil permanecer alocado do que um de menor qualidade, porque os clientes preferem migrar para locais onde é oferecida uma maior qualidade dos serviços.”

Assim, o certificado de qualidade abrirá uma maior movimentação econômica da área, uma vez que os donos de condomínios logísticos poderão mostrar ao mercado as vantagens que cada um oferece. O serviço já está disponível e é possível obtê-lo através do Núcleo de Real Estate da Escola Politécnica.

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