Biblioteca da Faculdade de Direito da USP celebra 200 anos com expansão e modernização

Novo prédio e reformas marcam bicentenário da mais antiga biblioteca pública do estado de São Paulo

Bicentenária, a Biblioteca Central da FD acomoda cerca de 300 mil volumes do acevo da unidade - Imagem: Acervo Pessoal/Davi Alves

A Biblioteca da Faculdade de Direito da USP completou 200 anos no dia 24 de abril. Fundada em 1825, abriga mais de 500 mil volumes, incluindo obras raras dos séculos 16 a 18. Para marcar o bicentenário, a unidade prepara a construção de um novo edifício, que ampliará a capacidade de armazenamento e oferecerá melhores condições de estudo.

Apesar de pertencerem à unidade responsável pelo ensino do direito, as obras não se limitam apenas ao campo jurídico. Segundo a chefe técnica da biblioteca, Maria Lucia Beffa, o acervo também reúne livros de história, literatura, economia, medicina, filosofia, geografia, pedagogia e outras áreas do conhecimento.

Entre o extenso acervo da Faculdade, cerca de 6.500  itens são considerados raros. O mais antigo deles é uma edição de A Divina Comédia, de Dante Alighieri, de 1520. O exemplar tem comentários de Christophoro Landino, filósofo italiano que viveu entre 1424 e 1498.

Escrita entre 1313 a 1321, “A Divina Comédia” de Dante Alighieri é considerada uma das maiores obras da literatura mundial – Imagem: Acervo Pessoal/Davi Alves

Entre as raridades, Maria Lucia Beffa também destaca Cultura e Opulência do Brasil, de André João Antonil, de 1711. O livro trata da economia brasileira no período colonial e, segundo ela, só há dois exemplares conhecidos no Brasil: um localizado na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, e outro na Biblioteca da Faculdade de Direito. “É um livro extremamente importante e,  para mim, é uma das maiores raridades que a biblioteca tem”, diz.

Como tudo começou

Criada em 1825, a biblioteca foi formada a partir dos acervos do Convento de São Francisco e da biblioteca do bispo Dom Mateus de Abreu Pereira. Eram cerca de 5.000 livros – um volume considerável para a época. A existência desse importante acervo bibliográfico contribuiu para que a então pacata província de São Paulo, junto a Olinda, em Pernambuco, fosse escolhida como  sede dos primeiros cursos jurídicos do país, em 1827.

No ano seguinte, com a instalação da Faculdade de Direito na província de São Paulo e a anexação da biblioteca, o acervo começa a ser ampliado com obras jurídicas do período. Com a fundação da Universidade de São Paulo, em 1934, a Faculdade e sua biblioteca passaram a integrar oficialmente a nova instituição, transformando-se na Biblioteca da Faculdade de Direito da USP, como é conhecida atualmente.

Um novo capítulo

O bicentenário da biblioteca também marca o início de uma fase de renovação. Com a capacidade de armazenamento esgotada, ela já não consegue acomodar novas doações. Hoje, cerca de 20 mil livros permanecem em caixas, sem espaço adequado.

Construído na década de 1930, o prédio enfrenta limitações para atender às demandas atuais dos alunos. Na sala de consulta, por exemplo, faltam tomadas, o que dificulta o uso de equipamentos eletrônicos. “Sou consciente de que ela [a biblioteca] não consegue atender adequadamente [os estudantes em razão da estrutura física, já que esse nosso espaço está precário há cerca de 15 anos”, afirma Maria Lucia.

Como o prédio que existe hoje é tombado, para enfrentar esses desafios, está em construção um novo edifício que abrigará parte do acervo. O projeto prevê um prédio de dez andares, com 8 mil metros quadrados, salas de leitura e estudo, além de um anfiteatro com vista panorâmica para o centro de São Paulo, onde está a biblioteca.

Imagens do projeto da nova Biblioteca da Faculdade de Direito da USP obtidas com exclusividade pela AUN – Imagem: Arte/Davi Alves

A nova unidade ficará na rua Riachuelo, nos fundos do prédio histórico e ao lado do edifício Dalmo de Abreu Dallari. O acesso será diretamente pela rua. A expectativa é de que as obras sejam concluídas em 2027, ano em que a Faculdade de Direito completa seu bicentenário.

Além da ampliação, a biblioteca central e a sala de consulta atuais também passarão por reformas. As intervenções devem incluir melhorias na iluminação, no isolamento acústico, na proteção das janelas contra raios solares, além da climatização dos ambientes.

Maria Lucia destaca a importância das mudanças e o simbolismo do momento. “Chegar ao bicentenário com projetos, com planos, e começar a enxergar que esses sonhos vão se tornar realidade é muito bom. É um momento histórico.”

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