Apenas 18 professores da rede pública de São Paulo têm alguma deficiência

Professores com deficiência são 0,05% do total de professores da rede municipal. Foto: Marcos Santos/USP Imagem

De acordo com dados do Inep de 2018, haviam 37.447 professores atuando nas escolas municipais de São Paulo. Dentre estes, apenas 18 possuem alguma deficiência, o que representa 0,05% do total de professores. 

Este número que escancara a falta de inclusão foi apurado pela pesquisadora Talita Delfino, em sua pesquisa de mestrado entregue à Faculdade de Educação da USP.

Além da análise numérica do problema da falta de inclusão de pessoas com deficiência na rede municipal de ensino em São Paulo. Talita entrevistou 3 professores com deficiência a fim de entender quais são as dificuldades enfrentadas por eles no ofício da sua profissão. Talita é deficiente física e usa cadeiras de roda no dia a dia. 

A pesquisadora relata que apesar desta identificação ser feita, estes dados não estão organizados devidamente, o que torna muito difícil saber a quantidade e fazer um mapeamento destes profissionais. 

A pesquisadora contatou a Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência, a Coordenadoria Pedagógica da rede municipal e a Diretoria Regional de Ensino. Nenhuma das instituições tinha estes dados. Depois disso, Talita consultou os sindicatos mas também não teve sucesso em sua busca. 

Os dados sobre os 18 docentes com deficiência atuando na rede foram obtidos após uma filtragem dos microdados fornecidos pelo site do Inep, levantados na sinopse estatística da educação básica do ano de 2018.

Entre os professores com deficiência, 15 eram mulheres que trabalham, em sua maioria, em escolas de educação infantil ou creches, enquanto os três homens lecionam para turmas do ensino fundamental II. Em relação à autodeclaração sobre raça/etnia, constam 11 pessoas brancas, 3 pardas, 1 amarela e 3 sem declaração. Nenhum dos professores com deficiência se autodeclarou indígena ou preto.

De acordo com a pesquisa, 12 desses professores possuem deficiências físicas, 3 deficiência auditiva, 2 baixa visão e um deles é surdo.

A pesquisadora constata uma insuficiência de abordagens diversas e inclusivas nos currículos da rede, ainda que existam indicações para tal. “Enquanto educação pública, a gente trabalha pouquíssimo a questão das mulheres, dos migrantes ou das pessoas com deficiência. Por exemplo, quais são as imagens de PCDs que temos nos materiais didáticos? Quais são as PCDs referência nos diferentes componentes curriculares? Então, ter o adulto com deficiência na escola também é ter uma outra referência”, diz.

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