Pesquisadores brasileiros atuam na vanguarda de um dos maiores levantamentos de galáxias do mundo

Um dos maiores mapeamentos tridimensionais do universo começa a colher dados com a participação de cientistas brasileiros

O projeto Javalambre Physics of the Accelerating Universe Astrophysical Survey (J-PAS), que promete ser um dos maiores mapas tridimensionais do universo, iniciou esse ano seu levantamento de galáxias. O pesquisador em cosmologia Raul Abramo, do Instituto de Física (IF) da Universidade de São Paulo (USP), está na vanguarda desta iniciativa. 

Composição dos Mapas

Encabeçado pelo Centro de Estudios de Física del Cosmos de Aragón (CEFCA), o Observatório Nacional (ON), a Universidade de São Paulo (USP), e o Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA), o J-PAS nasceu a partir de uma colaboração entre Brasil e Espanha. A pesquisa tem por objetivo mapear o cosmos e possibilitar o estudo da evolução no tempo do universo para além da representação tridimensional de galáxias e objetos espaciais, como explica Abramo. “O telescópio que utilizamos usa a luz para fazer o levantamento das galáxias, e essa luz demora para chegar até nós. Quanto mais distante está o objeto, mais no passado estamos vendo ele, e isso é fundamental para que se possa entender o que há por trás da expansão do universo”.

O levantamento das imagens que irão compor o mapa está ocorrendo no Observatório Astrofísico Javalambre (OAJ), localizado no município de Arcos de las Salinas, na Espanha, através do telescópio JST250. Produzido especialmente para o projeto, o instrumento óptico é um dos grandes diferenciais tecnológicos utilizados pelo J-PAS em comparação a demais mapeamentos de galáxias. Equipado com a câmera JPCam, o telescópio utiliza uma técnica, como aponta Abramo, “muito diferente das usuais, uma vez que ela consegue dividir a luz captada das galáxias em vários ‘pedacinhos’ e através deles, analisar com precisão os detalhes do cosmos”. 

A previsão é que sejam captados cerca de mil graus quadrados do universo por ano, medida que corresponde a somente 2% do universo observável. Segundo Abramo, tal lentidão no levantamento é necessária para garantir que as imagens sejam capturadas de maneira precisa. A divulgação dos primeiros dados coletados está prevista para novembro deste ano. 

Telescópio JST250, utilizado para captar as imagens do J-Pas (Divulgação/J-Pas)

Crescimento do Projeto

Abramo explica que seu envolvimento com o J-PAS iniciou em 2009 – logo no início do projeto – quando os pesquisadores espanhóis, que já haviam elaborado o esquema geral do levantamento, encontraram no Brasil um parceiro para colocá-lo em prática. “A Espanha procurava colaboradores, especialmente para fazer a câmera, e fui chamado logo no começo para a equipe. Era um grupo pequeno, com 10 a 15 pessoas.”

Com o tempo, o J-Pas ganhou forma e força no meio científico, atualmente com por volta de 200 colaboradores, sem contar os diversos acordos com outros grandes levantamentos de galáxias que fazem trabalhos parecidos como o promovido pela parceria hispânico-brasileira. 

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