Com o objetivo de compreender no longo prazo as consequências da COVID 19, uma pesquisa liderada pelo professor Carlos Carvalho da Faculdade de Medicina da USP mostrou que pacientes pós-covid-19 crônica, caracterizada por sintomas persistentes por meses consecutivos, que possuem comprometimento pulmonar persistente em acompanhamentos prévios; o caso pode evoluir para lesões semelhantes à fibrose tardia 1,5 a 2 anos após a alta hospitalar.
Os participantes foram pacientes internados no Hospital das Clínicas com indícios de Covid-19, durante a primeira onda da pandemia em 2020. A seleção deles foi feita com base nos sintomas respiratórios relatados. Contanto com diversidade étnica e socioeconômica, a pesquisa se destaca acadêmica e clinicamente porque, segundo Carvalho, “a área do pós-Covid é uma incógnita e ainda estamos aprendendo sobre a fase crônica. Este é o trabalho mais robusto sobre o assunto e os resultados vão contribuir para a construção da literatura sobre a doença”.
Os resultados revelaram que, mesmo após dois anos, mais de 90% dos participantes apresentaram alguma alteração respiratória, muitas delas graves, como sinais de inflamações pulmonares e possíveis progressões para fibrose. Apenas uma pequena porcentagem (2%), teve melhora em comparação com a avaliação de 6 a 12 meses, e uma parte significativa (25%) dos pacientes com lesões semelhantes a fibrose teve piora nas anormalidades pulmonares.
O levantamento também apontou que o tempo de internação, a ventilação mecânica invasiva e a idade do paciente influenciam o desenvolvimento de lesões pulmonares semelhantes à fibrose nos quadros pós-Covid-19. Para o professor Carlos, entender as consequências da doença ao longo do tempo é fundamental para prever os possíveis impactos para a saúde pública nos próximos anos.
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