Ciclos de Atualização em Zoonoses e Saúde Pública provam como a inteligência pode funcionar a serviço da saúde

Juntos, intercâmbio do conhecimento acadêmico e informação de campo previnem doenças e motivam políticas de saúde em todo território nacional

Imagem: LJNovaScotia/Pixabay

O Ciclo de Atualização em Zoonoses e Saúde Pública, realizado pela Faculdade de Saúde Pública – USP, tem papel importante na divulgação de conhecimento científico sobre doenças endêmicas, através do intercâmbio de conhecimento por frequentes encontros.

Iniciado pelo finado professor Almério de Castro Gomes, os encontros ocorriam na Prefeitura de São Paulo, com a Divisão de Vigilância de Zoonoses (DVZ) – antigo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ). Já em parceria com o Departamento de Epidemiologia Faculdade de Saúde Pública (FSP), o evento passou a ser sediado no Anfiteatro João Yunes, no prédio da Faculdade, onde notou grande crescimento na adesão. 

Esse sucesso é explicado pela apresentação de questões relacionadas à situação epidemiológica da época, assim como informações fundamentais para a vigilância e o controle dessas doenças, tópicos de grande interesse da comunidade de saúde pública. “É uma forma de trocar informações entre pesquisadores da academia e os profissionais da linha de frente, como agentes de saúde, médicos, enfermeiros, entre outros especialistas da área”, afirma Paulo Roberto Urbinatti, biólogo da FSP e coordenador do projeto. 

O intercâmbio de experiências entre os participantes foi fundamental para que os ciclos tomassem engajamento. “Havia uma troca. No presencial, o pessoal levantava e ia lá na frente, pegava o microfone, atendia o município”. Através dessa contribuição, novas propostas poderiam ser formuladas, de forma a inovar e melhorar abordagens às zoonoses. 

Essa prática, presente através das palestras – hoje, não mais nos auditórios, e sim nos chats –, tem como objetivo formar um ambiente colaborativo de divulgação científica em zoonoses, com o fim de contribuir com as questões de saúde pública em âmbito nacional. 

Inteligência

Segundo o Dicionário Michaelis, inteligência é a habilidade de aproveitar a eficácia de uma situação e utilizá-la na prática de outra atividade. A atividade desempenhada pelo projeto dos Ciclos de Atualização em Zoonoses e Saúde Pública, pela definição, pode ser utilizada como uma ferramenta de inteligência no combate às zoonoses. “O ganho está na troca de experiências”, pontua Gladyston Costa, do DVZ-SP.

“Os agentes etiológicos das zoonoses são os mesmos, independentemente da região, assim como os vetores também”, analisa Gladyston. Com isso, a divulgação de protocolos em locais diversos é facilitada. A partir da abordagem da bioecologia dos agentes etiológicos – isto é, o entendimento de como os vetores e doenças atuam –, são propostas as adaptações regionais por cada unidade, de acordo com as necessidades de sua respectiva localização, desde o controle de vetores em campo, até a parte clínica de tratamento da doença. 

Os ciclos ocorrem anualmente desde 2008, na última quarta-feira de março a novembro. Após a pandemia, o encontro on-line facilita com que essas informações cheguem com mais flexibilidade de horário e localização aos participantes fora da cidade de São Paulo. No XVI Ciclo, estavam presentes membros de órgãos públicos de vigilância sanitária em zoonoses de todo o país. 

Normalmente, os encontros abordam os temas sob duas perspectivas: a biológica e a de vigilância, introduzida pela primeira. No encontro sobre os panoramas das leishmanioses no Brasil, realizado em 24 de abril de 2024, a professora Eunice Aparecida Bianchi Galati, do Departamento de Epidemiologia, apresentou uma fundamentação sobre os flebotomíneos – vetores das leishmanias , complementada pelos dados das leishmanioses em São Paulo, apresentados por Silvia Altieri. Dessa forma, os encontros permitem tanto uma abordagem pedagógica quanto analítica do caso tratado. 

Resultados

Através desse projeto, a academia pode dialogar com a sociedade, como analisa Tamara Lima Camara, docente pesquisadora e coordenadora do projeto. “Muitas vezes, os artigos são publicados, mas não chegam até a linha de frente de atuação. O ciclo tem foco em apresentar resultados científicos à ponta da informação: a população e os profissionais”. 

O serviço de especialidade oferecido pelos membros do projeto traz qualificação à informação veiculada no meio. Isso melhora tanto a relação entre academia e agentes de saúde, como a aplicação dessas práticas e conhecimentos à sociedade. 

O próximo ciclo ocorrerá no dia 29 de maio de 2024, em transmissão ao vivo pelo canal da Faculdade de Saúde Pública – USP.

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