Rotina de consumo de refeições proteicas influencia a massa muscular de idosos, aponta pesquisa

Pesquisadores da FMUSP e EEFE-USP descobrem relação entre a falta de alimentação proteica e a fragilidade muscular entre idosos

Idoso sentado em cama de hospital. (Foto: Raw Pixel)

A quantidade de refeições com alto conteúdo de proteína está relacionada com a massa muscular de idosos com fragilidade, aponta um estudo do Grupo de Pesquisa em Fisiologia Aplicada e Nutrição (Applied Physiology and Nutrition Research Group) da FMUSP e EEFE-USP, coordenado pelos professores doutores Bruno Gualano e Hamilton Roschel. A pesquisa contou com o empenho de diversos alunos tanto envolvidos diretamente com o estudo, quanto nas análises de laboratório, observações de estatísticas e nas avaliações. “Mostramos que há uma associação importante entre o número de refeições, com aporte proteico de 30 gramas cada, realizadas ao longo do dia, com a massa muscular de indivíduos idosos com pré-fragilidade e fragilidade”, afirma Hamilton, que também é co-coordenador do Laboratório de Avaliação e Condicionamento em Reumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC-FM-USP).

O envelhecimento tende a gerar perda de peso involuntária, exaustão, fraqueza, diminuição do equilíbrio e da atividade física, o que pode aumentar também o risco de quedas. Esses sintomas caracterizam a fragilidade em pessoas idosas. Pessoas nesta condição são mais suscetíveis também a apresentar resistência anabólica a estímulos nutricionais.

Outros estudos anteriores já apontavam o papel importante das proteínas no metabolismo de idosos com essa condição, e mostravam uma relação entre seu consumo total e a massa muscular. A pesquisa do grupo não só confirmou essa relação como também expôs a relevância da dose de proteína por refeição: “A novidade do nosso trabalho é mostrar que não só o conteúdo total é importante para o idoso, mas também como esse consumo total é distribuído ao longo do dia”, afirma Hamilton. Para atingir a conclusão, foram observados 157 idosos considerados frágeis ou pré-frágeis. Eles foram avaliados segundo sua dieta total de proteínas e seu consumo proteico por refeição, mas também pela quantidade de tecido muscular e seu desempenho. 

Hamilton explica que o número recomendado de refeições com alto teor de proteína por dia para manter os níveis normais de massa muscular em idosos frágeis e distribuir mais adequadamente a quantidade total é de 3 a 4 refeições, teoricamente. A ingestão de doses menores de proteína por parte dessas pessoas pode causar prejuízos para sua massa muscular e a execução de movimentos, como indica o pesquisador: “O consumo insuficiente de proteínas na dieta é um fator que pode acelerar a velocidade de perda de massa muscular induzida pelo envelhecimento”.

A perda progressiva de massa muscular associada a faixas etárias mais elevadas é conhecida como “sarcopenia”. Tal condição atinge 46% da população acima dos 80 anos, segundo dados da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, e por mais que a tendência seja que afete indivíduos visivelmente magros, também há casos de sarcopênicos aparentemente mais gordos.

Um estudo anterior da FMUSP, apontou que o risco de morte na população idosa com pouca massa muscular tende a ser, consideravelmente, maior em relação aos que têm uma massa muscular maior. Tal estudo apontou uma diferença dos números entre os gêneros: para idosas, o risco de morte é 63 vezes maior, enquanto que para idosos a chance de morrer é 11,4% maior. 

A pesquisa foi publicada em 2019, e foi realizada com um grupo de 839 idosos, que foram acompanhados em um período de cerca de quatro anos. Ao fim do período analisado, 15,8% (132) dos voluntários haviam morrido. Desses, 43,2% por problemas cardiovasculares. O índice de óbito entre os homens foi de 20%, enquanto entre as mulheres foi de 13%.

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