Política de Acessibilidade Pedagógica para estudantes autistas é implementada na Faculdade de Direito, mas enfrenta desafios de divulgação

Diretrizes postas em prática neste ano pela FD-USP garantem tratamento inclusivo para estudantes autistas. Foto: Marcos Santos/USP Imagens

A Política de Acessibilidade Pedagógica da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (FD-USP) tem apresentado resultados positivos na inclusão de estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) nas atividades acadêmicas. Essa é a avaliação de Silvano Furtado, estudante da Direito da faculdade e idealizador da política, que passou a  ser aplicada neste ano.

As diretrizes foram aprovadas pelo Conselho de Graduação da unidade no ano passado. Segundo o Coletivo de Estudantes Autistas da USP (CAUSP), a política tem o objetivo de evitar que alunos autistas passem por constrangimentos nas salas de aula ou nos espaços de convivência. Além disso, ela estebelece ainda medidas que tornam as avaliações e metodologias de ensino mais acessíveis aos estudantes com TEA.

De acordo com Furtado, a política tem sido aplicada com certo sucesso. No geral, os estudantes protocolam o pedido de reconhecimento do diagnóstico a partir de laudos junto à Comissão de Graduação, que tem assinado a maioria deles. A resistência inicial de alguns docentes em fornecer provas alternativas diminuiu após a pressão exercida pela diretoria e pela Comissão de Graduação. “A maioria dos professores tem aceitado [seguir as diretrizes], com uma ou outra exceção de dificuldades”, diz Furtado.

Quanto aos reflexos da política no dia a dia dos estudantes com TEA, Furtado destacou que houve redução do estresse e melhoria do desempenho acadêmico. Segundo ele, a vice-presidente da Comissão de Graduação, professora Suzane Ricks, confirmou o impacto positivo da medida, que tornou a convivência e a manutenção dos cursos mais palatáveis e tranquilas para os estudantes com TEA. “A professora Suzane Ricks confirmou que é gritante a diferença em desempenho acadêmico antes e depois da política. Os alunos, na verdade, ficam mais produtivos, ficam mais engajados depois dessa política”, ressalta o estudante.

Avanços são positivos, mas precisam aumentar

Ainda que as mudanças tenham começado a ocorrer de fato, Silvano Furtado ressaltou que a implementação da política ainda precisa ser aprimorada em termos de sua função pedagógica. Para o estudante, muitos professores não estão cientes da existência da política ou, inicialmente, não a levam em consideração. 

Por isso, um dos pontos-chave que pode ser aprimorado a partir de agora é a divulgação da política entre os docentes. Furtado ressaltou a dificuldade em fazer com que os professores compreendam o avanço que ela significa para a comunidade de alunos com TEA, bem como a necessidade de aplicá-la de forma eficiente a fim de efetivar os impactos trazidos por ela. A conscientização e a compreensão dos professores são essenciais para o sucesso contínuo da política de acessibilidade pedagógica, considera o estudante.

Em suma, a Política de Acessibilidade Pedagógica da FD-USP é um passo significativo em direção à inclusão dos estudantes com TEA. No entanto, é necessário um esforço contínuo para garantir que a política seja plenamente implementada e compreendida por todos os envolvidos no processo educacional, fortalecendo assim os benefícios e a inclusão dos estudantes com TEA na comunidade acadêmica.

Sobre Gabriel Tavares 2 Artigos
É jornalista em formação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). Nascido em Belo Horizonte, mudou-se para São Paulo em 2022 para estudar e trabalhar em redações de jornalismo. Atualmente, é estagiário de hard news no UOL. Antes, trabalhou na agência de comunicação Cidades 21 e também tem formação técnica em Edificações pelo CEFET-MG.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*