Odontologia da USP leva atendimento às comunidades carentes de São Paulo

Estudantes da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo dão assistência em UBS e escolas de São Paulo

Imagem de capa [Foto: Canva]

Na Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FO/USP), há uma iniciativa de projeto de extensão na disciplina de Clínica Ampliada de Promoção da Saúde (CAPS), que leva os alunos para o contato direto com os usuários da rede pública de saúde, nas UBS, nas ruas e em escolas públicas: “Ficamos mais nas ruas, onde a vida acontece, e nas escolas, fazendo atividades de educação e saúde”, relata a dentista e professora da disciplina, Fernanda Carrer.

A disciplina, como descrita pela FO, tem o objetivo de “convidar o aluno a ampliar seu olhar, para além do técnico, além do biológico e da assistência médico-odontológica restrita ao consultório; odontológico e ao cuidado individual, apresentando ao graduando a complexidade do processo saúde doença”. Ademais, o ensino busca oferecer aos estudantes de Odontologia, a prática necessária para o atendimento adequado à cidadania.

A disciplina é dividida em três módulos: no primeiro, é abordado os conceitos de território e de determinação social do processo saúde doença, conceituações de saúde e os impactos em sua aplicação; no segundo, os alunos estudam a promoção da saúde e a qualidade de vida; e no terceiro, é vista a atenção primária, onde o sistema de saúde se relaciona diretamente com as famílias.

Os alunos, além de aprender teoricamente, têm a oportunidade de realizar atividades educativas no campo da saúde bucal, em que ensinam a escovação em escolas públicas infantis e fazem a distribuição de escovas e produtos adequados para a limpeza bucal: “Nosso público externo são as crianças, os professores, pais e outros cuidadores dessas crianças”, conta Fernanda.

A iniciativa é feita junto a um programa do Governo Federal. O Programa Saúde na Escola (PSE) visa promover, por meio da integração permanente da saúde e educação, melhorias para a sociedade e contribuir para a formação dos estudantes brasileiros.

Além disso, também atuam no trabalho clínico e em visitas técnicas em algumas UBS de São Paulo.

Os estudantes utilizam o dentifrício fluoretado e a aplicação tópico de flúor para a prevenção de cáries [Imagem: FOUSP]

A carência odontológica no Brasil 

Pesquisas realizadas pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO) apontam que o Brasil é o país com maior número de dentistas no mundo. Além disso, algumas universidades brasileiras, como a Universidade de São Paulo, estão no ranking mundial das melhores universidades de odontologia.

A contradição é que, mesmo com esses dados, mais da metade dos brasileiros ainda não frequentam consultórios odontológicos pelo menos uma vez ao ano, e a carência por essa área da saúde é muito presente.

Diversos fatores são evidenciados para explicar a falta de acesso à saúde bucal, entre eles está a ausência de recursos financeiros e estruturais para ir até o dentista, assim como o acesso pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que, até abril de 2023, não era obrigatório para toda a população. 

A importância dos projetos de extensão 

A professora acredita que a contribuição para os estudantes da disciplina vai além da graduação. “O ensino na comunidade é fundamental para que o aluno tenha noção da realidade. É muito importante que sejam feitas as atividades intramuros [dentro da Universidade], mas é quando o aluno sai para fora da Universidade que ele tem contato com o mundo como ele é”. Fernanda ressalta, ainda, a importância desse estudo para combater preconceitos com a qualidade do atendimento do sistema público: “Temos algumas pesquisas que mostram que à medida que o aluno tem contato com a realidade, ele se expõe a ela e diminui muitos dos pré-conceitos que ele tem em relação ao território, as comunidades, as pessoas que ali vivem e a própria UBS”. 

“É importante romper preconceitos, tirar os alunos da bolha do condomínio e levá-los até a periferia”

Mais do que atender a população, os projetos de extensão são educativos, visto que, eles levam aos cidadãos, a ciência da importância dos cuidados com a saúde bucal. E mais, formas preventivas, como por exemplo, uma boa higiene bucal, que pode prevenir doenças, como câncer bucal; endocardite bacteriana, uma doença que afeta o coração; diabetes e pneumonia. 

Os projetos não apenas ajudam na ausência de cultura brasileira em ir ao dentista, como levantam a atenção da população para o alarmante número de famílias que vivem sem o atendimento adequado à saúde. 

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