Orquestra Brazil Jazz Sinfônica inaugura projeto cultural no Museu do Ipiranga

Fruto de uma parceria entre a Fundação Padre Anchieta e o Museu Ipiranga, o novo programa Música no Museu trará mais três concertos da orquestra durante 2023.

Orquestra Brasil Jazz Sinfônica em apresentação no Museu do Ipiranga, em São Paulo. Foto: Arquivo Pessoal/Guilherme Castro Sousa

No dia 20 de maio, a Orquestra Brasil Jazz Sinfônica se apresentou no Museu do Ipiranga, em São Paulo, utilizando a produção musical brasileira do período imperial como repertório musical. O evento marcou o encerramento da 21ª Semana Nacional de Museus e faz parte de um novo projeto cultural, o Música no Museu. 

O evento soma-se a outros três concertos gratuitos ao longo de 2023, que acontecerão nos dias 8 de julho, 23 de setembro e 25 de novembro. O programa, fruto de uma parceria entre a Fundação Padre Anchieta e o Museu do Ipiranga, busca apresentar diversos momentos da música popular brasileira para o público e ampliar a programação cultural do Museu. 

Rosaria Ono, professora titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP e diretora do Museu do Ipiranga, ressaltou a importância da iniciativa: “Essa é uma parceria muito rica nesse sentido. Com essa série de concertos, fomentamos o diálogo entre as linhas de pesquisa curatorial do Museu e outras linguagens”.

Na estreia do projeto, a Brasil Jazz Sinfônica apresentou obras datadas no século XIX, durante o período imperial brasileiro. Com composições de Chiquinha Gonzaga, Joaquim Callado, Cândido Inácio da Silva, entre outros, a orquestra proporcionou um repertório educativo que leva o público a conhecer o início dos gêneros musicais genuinamente brasileiros. 

Por isso, Fábio Chateaubriand Borba, diretor executivo da Brasil Jazz Sinfônica, afirma que esta é uma ação inédita. “Não há nenhuma orquestra que tenha executado esse repertório e fazer isso dentro do Museu do Ipiranga, espaço que coleciona um acervo dedicado a um importante capítulo da nossa história, será uma grande experiência para a Brasil Jazz Sinfônica”.

Da modinha ao lundu

Com a voz da artista Sheila Negro e arranjo de Nataniel Bádue, três modinhas do compositor Joaquim Manoel da Câmara — primeiro modinheiro de destaque no século XIX — foram apresentadas na abertura do evento: Vem Cá Minha Companheira, Oh Inquieta Pombinha e Foi O Momento De Ver-Te. A modinha é um gênero musical de canções líricas e sentimentais de origem portuguesa, com influências da ópera italiana e voltada às altas camadas sociais, mas que logo foi incorporada pelas classes populares brasileiras.  

Outros importantes compositores do gênero fizeram parte do repertório, como Cândido Inácio da Silva, Marcos Portugal e Padre José Maurício Nunes Garcia, com sua canção Beijo a mão que me condena.

Ensaio da Orquestra Brasil Jazz Sinfônica. Foto: Nadja Kouchi/Acervo TVCultura

Para representar o chorinho, gênero popular nascido no Rio de Janeiro, a orquestra trouxe as composições de Joaquim Callado, considerado o “pai” do ritmo. Canções como Flor Amorosa, Lundu Característico e Querida por Todos — dedicada à Chiquinha Gonzaga — fizeram parte do programa, conduzido pelo maestro João Maurício Galindo. 

O lundu, dança e canto de origem africana, também foi destaque por meio da música  Amor Brazileiro, de Sigismund Neukomm, compositor austríaco que produziu diversas obras inspiradas em artistas brasileiros durante seu tempo no país. Assim como a modinha, este canto passou por uma adaptação para atingir outras esferas sociais, tornando-se precursor da música popular brasileira.

Segundo o maestro Galindo, não existiam muitas partituras de lundu no período imperial e uma das poucas partituras registradas foi a dessa composição de Sigismund. “Ela parece uma sinfonia de Mozart, mas aqui e ali vocês vão ouvir uma melodia característica de lundu. É um documento histórico. O lundu, talvez, mais antigo que já foi escrito”, ressaltou durante o evento. 

O concerto também passou por diversas obras da instrumentista Chiquinha Gonzaga, autora da primeira marcha carnavalesca com letra e primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil. Quando conheceu a cidade de São Paulo, se encantou com o local e compôs a canção São Paulo, que encerrou a primeira apresentação da Orquestra Brasil Jazz Sinfônica no Museu. 

No dia 8 de julho, a Brasil Jazz Sinfônica retornará ao Museu do Ipiranga com um repertório de músicas que abrange parte do século XX, seguindo a história da música popular brasileira em ordem cronológica. A capacidade do auditório do Museu é de até 200 lugares. Os ingressos são gratuitos e limitados, e devem ser retirados com uma hora antecedência no dia do evento. 

Para saber mais sobre a programação, acesse o site, Instagram, Facebook e Twitter do Museu. O Museu do Ipiranga está localizado na Rua dos Patriotas, 20, em São Paulo, e funciona de terça a domingo, das 11h às 17h.

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