Pesquisadores podem participar de estudos clínicos na Odontopediatria

Projetos desenvolvidos na Faculdade de Odontologia da USP unem dentistas e pesquisadores cidadãos em estudos clínicos

Foto de capa [Imagem: Canva]

Ciência Cidadã é uma iniciativa que integra cientistas e pessoas interessadas em realizar um projeto científico. Dentro de uma pesquisa, os cidadãos podem participar da definição de perguntas de pesquisa, colaborar para a metodologia, coletar dados e até mesmo analisar e disseminar esses dados para a sociedade. 

Essa democratização da ciência abarca diversas áreas de estudo. Há dois anos as pesquisas de odontologia foram inseridas no projeto, sendo a Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FO/USP), a pioneira nesse campo no Projeto Ciência Cidadã.

As pesquisas são separadas entre pesquisadores profissionais e pesquisadores cidadãos. O primeiro grupo é encontrado por meio das redes sociais e congressos. Já o segundo grupo é composto de pessoas que se inscrevem para ser pesquisadores cidadãos e recebem treinamento para fazer parte da equipe. Alunos de graduação e pós-graduação também podem participar, recebem treinamento e são chamados de “multiplicadores”, aqueles que podem contribuir com o compartilhamento de experiências, conhecimentos e metodologias.

A entrada da odontologia na Ciência Cidadã

“O projeto foi inspirado em uma necessidade que tínhamos de ter representatividade”, relatou Mariana Minatel Braga, dentista, professora de Odontopediatria e vice-presidente da Comissão de Pesquisa da FO. Essa representatividade consiste em pesquisas que relacionam pessoas de diferentes partes do Brasil: “Trabalho com economia e saúde, um dos estudos que fazemos é o de custo e benefício. Eles [pesquisadores] precisam saber quantas pessoas estão dispostas a pagar por um determinado tratamento e, para isso, o ideal é que tenhamos amostras representativas do país respondendo essa pergunta”, explica Mariana.

A necessidade de criação de amostras representativas levou a professora ao Projeto Ciência Cidadã, e hoje, ela está a frente de dois grandes projetos: o CARies DEtection in Children (Cardec), o qual foca em estudos clínicos que trazem respostas para o problema das cáries na odontopediatria; e a EviDent, uma iniciativa para produzir conhecimento baseado em evidências.

A EviDent está desenvolvendo um jogo em seu site, para contribuir com o conhecimento [Imagem: EviDent]

Trabalho com evidências científicas

A EviDent, coordenada por Mariana, é um projeto acadêmico associado a uma startup criada pela professora e por alunos de graduação e pós-graduação de Odontopediatria da FO. O projeto está em fase inicial, “a ideia é fazer uma translação de evidências, no qual a Ciência Cidadã está inserida como um eixo muito importante. Estamos começando pelos estudos de preferência, mas teremos muitos outros estudos associados a essa rede de pesquisadores cidadãos que nós estamos criando”, relatou a dentista.

As evidências científicas são utilizadas para analisar a veracidade de um fato, na Odontologia, elas são utilizadas para melhorar as condições das práticas odontológicas.

A iniciativa pretende fazer com que as evidências científicas sejam cada vez mais utilizadas na rotina clínica. Por isso, a EviDent produz conhecimento científico e também utiliza conhecimentos já existentes para produzir conteúdos científicos.

Os resultados da Ciência Cidadã

Nos projetos da FOUSP, os pesquisadores cidadãos podem participar da criação de ideias de pesquisa, assim como nas fases de planejamento e coleta de dados. Além disso, Mariana ressalta que, futuramente, esses participantes poderão também atuar nas fases de disseminação e aplicação dos resultados das evidências científicas.

A dentista acredita que a contribuição desses projetos é positiva tanto para os pesquisadores quanto para a sociedade, uma vez que a equipe de pesquisa ganha investimentos e incentivos, e a sociedade recebe maiores informações educativas sobre o mundo científico e a área de conhecimento trabalhada. “Há um ganho de participação e engajamento da sociedade nesse processo, que é muito importante não só para que ele aconteça, mas para que a ciência, de fato, faça diferença em nosso dia a dia”.

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