As pesquisadoras Maria Clara Padoveze e Lucia Izumi Yasuko Nichiata, docentes do Departamento de Enfermagem em Saúde Coletiva (ENS) da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (EEUSP), ganharam o primeiro lugar no prêmio de apresentação oral do XVIII Congresso Brasileiro de Controle de Infecção e Epidemiologia Hospitalar, que ocorreu entre os dias 26 e 29 de outubro de 2022. A pesquisa conduzida pelas professoras avaliou a ocorrência de COVID-19 entre os profissionais de saúde e a efetividade das vacinas aplicadas no Amazonas durante a onda da variante Gama, que assolou o estado no início de 2021.
A pesquisa fez parte do projeto de extensão “ Melhorando a Prevenção e Controle de Infecção para resposta à COVID-19 no Brasil (PREVCOVID-BR)”, que também é coordenado pelas professoras Padoveze e Nichiata, e contou com o apoio técnico do Centro para Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC) e da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS) do Amazonas. No início, o projeto monitorava dez hospitais da rede pública que atendiam pacientes com COVID-19, sendo cinco na capital paulista e cinco em Manaus. De acordo com Padoveze, o objetivo era “proteger pacientes, visitantes e trabalhadores da transmissão de COVID-19 dentro do serviço de saúde”.
Com o avanço da pandemia, o surgimento das novas variantes tornou-se algo comum. A variante Gama, anteriormente chamada de “P1”, surgiu justamente no momento em que a vacinação em massa de profissionais da saúde estava ocorrendo no Brasil. “Aquele era o momento de estudarmos o comportamento dessa variante. Nós teríamos uma oportunidade praticamente ímpar de identificar se as vacinas que estavam sendo administradas protegiam contra as variantes, já que as primeiras vacinas foram feitas usando a Cepa original [da sars-cov 2], não a variante”, explica Padoveze.
Métodos e condução da pesquisa
Com o projeto de extensão universitária já estabelecido em Manaus, iniciou-se um monitoramento de 16 semanas com mais de 500 profissionais da saúde de dois hospitais para a coleta de dados da pesquisa. O relatório final do estudo, que irá compor um levantamento internacional com mais outros 7 países, ainda não está finalizado devido ao grande número de informações. Entretanto, os resultados preliminares confirmaram as expectativas dos pesquisadores: as vacinas eram efetivas em evitar casos graves de COVID-19 e também observou-se maior prevalência de anticorpos neutralizantes contra a variante Gama.
O projeto como um todo ainda contou com webinars sobre uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) e técnicas para higienização correta das mãos. “[O projeto] apoiou muito esses hospitais. Porque por meio da extensão não só fizemos uma série de ações para treinamento e orientação nos hospitais, como houve um investimento financeiro para compra de materiais.”
A professora reforça a importância da pesquisa dentro área da saúde “A enfermagem tem um papel muito importante nessas ações de prevenção de infecção dentro dos hospitais. As comissões de controle de infecção hospitalar, em geral, têm enfermeiros. Então, nós [enfermagem] temos um papel importante no treinamento das equipes para ensinar como usar o EPI, o próprio estímulo à vacinação. Isso é um papel importante da enfermagem dentro dessa área de especificidade [prevenção de transmissão em ambientes de atendimento à saúde]”, complementa Padoveze.
O PREVCOVID-BR foi ampliado e atualmente existe um novo projeto chamado PREVIRAS-BR, voltado para Prevenção e Controle de Infecções Respiratórias Agudas em Hospitais no Brasil, como por exemplo o vírus da Influenza, muito transmitido durante o inverno.
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