Galáxias fósseis são estruturas em fase final de evolução, entretanto, há algumas com uma atividade mais recente do que o esperado. Parte importante dessa descoberta é o intracluster light, ou luz difusa, que não está ligado a nenhuma galáxia em específico, mas à força gravitacional do grupo ou aglomerado. O Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG-USP) estuda o assunto com profundidade e acumula feitos. A astrônoma e doutoranda no tema Kethelin Parra irá para a francesa Aix-Marseille Université, neste ano, visando aperfeiçoar suas pesquisas no tema.
“Meu foco é estudar estruturas de baixo brilho superficial, que a gente tem muita dificuldade de detectar, e o que quero investir mais tempo em Marselha é no intracluster light ou intragroup light”, explica. “Os grupos de galáxias evoluíram e chegaram no estágio de grupos fósseis de alguma maneira, então, essas estruturas de baixo brilho superficial seriam como um registro fóssil”, ressalta. “Isso nos forneceria informações sobre o que aconteceu no passado.” No trabalho na França, a cientista compartilha que utilizará métodos diferentes e que pretende aprender a tratar as imagens de forma mais eficiente.
Entre os grupos fósseis estudados, a doutoranda dá enfoque naqueles que apresentam atividade considerada jovem, os quais ainda possuem poucos resultados descobertos. O IAG é um dos pioneiros na área e o professor Gastão Lima Neto, orientador de Kethelin, participou do achado do segundo grupo que se encaixava nessas novas condições, chamado NGC4104. Ele conta que ocorreu inesperadamente, enquanto realizava observações. “A gente vê que não estão tão fossilizados assim, o que é bom, porque ajuda um pouco a entender qual é sua a origem, como chegaram a esse ponto”, elucida o docente.
A pesquisadora também localizou novidades: “Encontrei sinais de atividade dinâmica no NGC7556, através da presença do intragroup light e outras estruturas de baixo brilho”. Sobre a importância desses esforços no Instituto, Lima Neto afirma que é “compreender mais sobre como as galáxias evoluem”.
“Pego a imagem do grupo da galáxia e faço um modelo da distribuição de brilho dela, assim, obtenho uma imagem modelo separadamente e comparo as duas, por meio da subtração do modelo na original”, relata Kethelin sobre sua metodologia. “Nesta imagem residual, surgirão muitas estruturas que não estavam previstas, portanto, posso detectar o intracluster light ou alguma outra estrutura verificando o que está fora do padrão”.
Ela destaca que entre os principais impasses está a qualidade dessas imagens obtidas com os telescópios. “O céu tem um brilho e os telescópios aqui na Terra sofrem influências da atmosfera terrestre”, esclarece. “No final, a imagem fica meio distorcida. Além disso, a presença de estrelas muito brilhantes pode gerar uma contaminação de luz, o que nos atrapalha na identificação dessas estruturas que queremos estudar”.
“Um desafio para achar os grupos fósseis é que a gente consiga encontrar intracluster light e, para isso, temos que lidar com o grande volume de dados que temos”, acrescenta o docente. “Não é possível usarmos a metodologia automática dos telescópios, precisamos fazer a nossa, o que é bem delicado”.
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