Estudo realizado na Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP, indicou que a realização de atividades físicas aeróbicas é capaz de produzir novos vasos sanguíneos, ajudando na prevenção e reabilitação de pacientes com doenças cardiovasculares.
A pesquisa, conduzida pelos mestrandos Luis Felipe Rodrigues e Bruno Rocha de Avila Pelozin, sob orientação do professor Tiago Fernandes, teve duração de oito anos e se utilizou de ratas da espécie Wistar, que foram separadas em dois grupos distintos. De acordo com Luiz Felipe, a utilização dessa espécie ocorreu “devido a semelhança de adaptações que encontramos em humanos quando submetidos a exercícios físicos”, e que a partir disso seria possível a análise de respostas patológicas e fisiológicas similares às de humanos.
Durante a pesquisa, cada grupo foi submetido a um ritmo diferente de exercício. No primeiro, as ratas realizam apenas uma atividade por dia. No segundo, o ritmo foi aumentando gradativamente, com as ratas treinando três vezes ao dia no período final da pesquisa.
Como resultado desse processo, foi constatado que o grupo que recebeu maior carga de exercício aeróbico demonstrou uma redução nos níveis de microRNAs-27a e -27b, que têm por função inibir a expressão do gene ECA-1, responsável pela produção do hormônio angiotensina II. Por sua vez, esse hormônio estimula a ocorrência da angiogênese, processo responsável pela formação de novos vasos sanguíneos.
“Nossos resultados mostram que o exercício físico aeróbio pode ser utilizado na prevenção e reabilitação de doenças cardiovasculares. A angiogênese é importante para uma maior distribuição (biodisponibilidade) de nutrientes e oxigênio para os tecidos e órgãos e também para prevenir a rarefação vascular, que por sua vez aumenta o risco de mortalidade”, afirmou Luis Felipe.
“Além disso, para compreender o efeito do treinamento físico sobre a angiogênese muscular, o treinamento aeróbio é estímulo principal para estimulação do metabolismo aeróbio e crescimento de novos vasos sanguíneos”.
Em relação às atividades anaeróbicas, não é possível concluir o mesmo. “Pouco se sabe sobre atividades mais anaeróbicas dentro destes contextos e de uma forma padronizada”, completou Luis Felipe.
Além da formação de novos vasos sanguíneos e de contribuir para uma melhor biodisponibilidade de nutrientes e oxigênio, a angiogênese é fundamental na medida em que melhora a capacidade aeróbica, uma vez que facilita a captação de recursos energéticos, e evita a perda de vasos, que pode indicar problemas cardiovasculares.
Para que os resultados obtidos nas ratas sejam observados em humanos, é recomendado uma frequência de treinamento que envolva a prática de atividades aeróbicas de três a cinco vezes por semana. Em relação a duração, depende da intensidade dessas atividades, podendo variar de 20 a 60 minutos.
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