Museu de Arqueologia e Etnologia retoma atividades presenciais após dois anos

A flexibilização das restrições contra a Covid-19 permitiu que o museu reabrisse suas portas com uma exposição que valoriza as raízes indígenas do país

[Imagem: Ader Gotardo]

Após a paralisação de dois anos, o Museu de Etnologia e Arqueologia da Universidade de São Paulo (MAE-USP) retomou suas atividades com a exposição Resistência Já! Fortalecimento e união das culturas indígenas Kaingang, Guarani Nhandewa e Terena. Fruto de um trabalho coletivo com esses grupos, a exibição pretende celebrar a ancestralidade e reforçar a importância da resistência dos índios brasileiros. Por meio de objetos, vestimentas e fotografias selecionadas pelos próprios indígenas, a exposição debate o fortalecimento das tradições dos povos nativos.

Em março de 2020, foi decretada a ordem que estabelecia a interrupção das atividades dos estabelecimentos em São Paulo. Motivada pelo crescimento da Covid-19 no Brasil, tal fato prejudicou o avanço de setores econômicos fundamentais para a nação — entre eles, o cultural.

Maurício André da Silva, historiador do MAE, relatou que a unidade passou por um novo planejamento até que fosse reaberta em abril deste ano. Segundo Silva, a equipe do museu foi pega de surpresa pela pandemia e precisou partir do zero. “No começo, as pessoas falavam: ‘julho de 2020 vai estar tudo normal’. Inocência nossa, né?”, lembrou.

Iniciou-se um processo de adaptação à cultura digital. Com as visitas presenciais paralisadas, era inviável que o acervo e as pesquisas lideradas pela equipe do MAE se mantivessem às escuras. Desde a ampliação do teletrabalho à potencialização das redes sociais, o museu intensificou o uso de canais midiáticos e passou a utilizá-los como principal meio de difusão das produções da instituição. 

Silva explica que a estratégia fortalece a transmissão de informações confiáveis na internet e se torna um meio de combate às fake news. “Se a Universidade não ocupar esses espaços, outros setores com conteúdos duvidosos ocupam”, afirmou.

Apesar de estarem desacostumados com esse tipo de contato, a migração para a web foi importante para que o acesso ao MAE fosse democratizado. O YouTube, por exemplo, tornou-se um forte meio de divulgação para as produções universitárias. Além de lives que promoviam eventos da instituição, ainda houve a preocupação de disponibilizar os materiais do acervo para pessoas com deficiência, seja por meio de audioguias, para deficientes visuais, ou videoguias, para deficientes auditivos.

No entanto, as conquistas adquiridas pelo desbravamento virtual não foram capazes de impedir os danos causados pela pausa no funcionamento dos museus brasileiros. De acordo com Silva, o setor educativo foi um dos principais afetados pelo corte de gastos públicos durante a pandemia. Em maio de 2020, o governo de São Paulo reduziu em 69 milhões o orçamento destinado a museus, teatros e orquestras, o que colocou em risco cerca de 4 mil empregos.

Silva admitiu que a apreensão é um sentimento constante. Afinal, as marcas deixadas pela pandemia são recentes. “Como o público vai chegar? Como as crianças vão estar? Como vai ser esse trabalho?”, questionou o historiador antes da reabertura da instituição. Pode-se dizer que as respostas para tais perguntas são positivas, uma vez que a agenda de visitas monitoradas está preenchida até o fim de junho.

O MAE funciona às segundas, quartas, quintas e sextas-feiras, das 9h às 17h. Com entrada gratuita, as visitas livres são abertas para todos os públicos e não precisam de agendamento. Caso queira solicitar uma visita mediada, é necessário entrar em contato com o museu via telefone ou e-mail. Para mais informações, clique aqui.

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