No dia 14 de julho, foi realizada a Oficina de Leitura Guimarães Rosa promovida pelo Instituto de Estudos Brasileiros da USP. O evento fez parte da 33ª Semana Rosiana, organizada pelo Museu Casa Guimarães Rosa, em Cordisburgo, Minas Gerais.
Sob coordenação de Rosa Haruco, Regina Pereira e Linda Rivitti, 32 pessoas, previamente inscritas, se reuniram para realizar a leitura do texto “Jardins e Riachinhos” do célebre Guimarães Rosa. Em decorrência da pandemia, o encontro com o escritor foi, neste ano, virtual.
A professora de Literatura da USP, Nelma Cavalcante, foi curadora do Arquivo Guimarães Rosa, encontrado no IEB, e apresentou a ideia das rodas de leitura em Cordisburgo. A proposta é fazer a leitura em grupo e em voz alta. “ Nós nos encontramos pelo prazer de fazer a leitura em grupo, para sentir a sonoridade, a oralidade, a musicalidade, as palavras do escritor”, afirma Rosa Haruco.
Nos comentários, a partir da experiência de cada um dos presentes, é possível perceber a enorme diversidade de leituras que a obra propicia e a riqueza de interpretações. “Temos os comentários acadêmicos, populares, dos artistas e que convergem para a literatura de Guimarães Rosa e nos dá a grandeza dessa obra”, diz Haruco.
Frequentadora assídua das rodas de leitura, Rosa Meyer, escreveu que “a Oficina de Leituras é uma pluralidade de olhares sobre a obra rosiana e, sobretudo, a realidade do Brasil. A leitura enriquece, desenha e redesenha o mapa literário com comentários, mensagens, poesias, palestras, músicas, filmes, contação de histórias e que se transforma em um manto social bordado por pessoas de diferentes lugares e formações”, destaca ela.
O texto selecionado para a leitura faz parte do livro “Ave, Palavra” de Guimarães Rosa, um de seus livros póstumos. Segundo Regina Pereira, o livro causa um estranhamento gostoso, porque nele há uma paisagem, uma linguagem e experimentos diferentes, é uma grande aventura.
Em ordem alfabética, os participantes leram atentamente cerca de meia página do texto. O evento foi transmitido ao vivo pelo chat e acompanhado por um público também bastante engajado na leitura e interessado por adentrar ainda mais no universo de Guimarães Rosa. Para quem ouve, fica uma mistura de sotaques e jeitos particulares de pronunciar as sílabas, compondo a experiência.
Um dos convidados, Jean, presenteou a todos com uma música de sua autoria no momento destinado aos comentários sobre o texto. Todos os demais, naquele instante, permaneceram imersos na oficina.
“O texto é tão vivo que forma um desenho na sua mente. Fui até buscar um casaco, porque fiquei com frio quando ele falou da Noruega. Ele escreve e você vai sentindo. Como é verdadeiro, isso. Você vai imaginando”, comentou Eulina. Já Euni, se identificou com um trecho que dizia “eu sou poesia”.
É notável que o espaço para leitura e troca de ideias é visto com muito carinho por aqueles que o integram e que há um grande empenho de todos em fazê-lo acontecer. Até mesmo quem só assistiu, ficou sensibilizado. Não seria isso a comunicação efetiva?
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