Em pesquisa realizada em julho de 2020 pela Universidade de São Paulo, Fiocruz, Universidade Federal da Bahia e Universidade Federal de Pelotas afirma-se que “uma das mais importantes estratégias para tentar diminuir o espraiamento da pandemia e consequentemente o crescimento do número de mortes é uma ação articulada e uníssona dos milhares de serviços de Atenção Primária à Saúde.”.
A pesquisa, ao mesmo tempo que explica a importância dos Serviços de Atenção Primária à Saúde (APS), também traz alguns dos desafios enfrentados pelos profissionais da saúde do país. O estudo foi conduzido, através de um websurvey entre os dias 25 de maio e 30 de junho de 2020. O público alvo consistia em profissionais de saúde dos serviços de APS e gestores das secretarias municipais de saúde brasileiras. A escolha desses dois grupos se deu devido ao fato de que os profissionais de saúde têm uma visão mais clara do que acontece em suas unidades de trabalho, enquanto os gestores têm uma visão mais ampla da situação do município.
Em entrevista, a professora Aylene Bousquat, da Faculdade de Saúde Pública, explica que “em um primeiro momento a Atenção Primária foi colocada de lado. Acabou por se focar apenasnos leitos de UTI e respiradores, que claramente também são necessários”. De acordo com ela, para se combater a Covid, além dos respiradores e leitos de UTI, é fundamental uma atuação da Atenção Primária, porque é esse serviço que atua diretamente nas ruas e cidades do Brasil.
Entendendo a importância da APS e buscando levar esse entendimento para mais pessoas, os pesquisadores desenvolveram o questionário.
Aylene também conta que a pesquisa se baseou em 4 eixos de atuação da APS: vigilância em saúde, atenção aos casos de Covid, continuidade dos cuidados ofertados pela APS e apoio social aos grupos vulneráveis.
Os resultados, disponíveis em uma página da web, apontaram para algumas direções principais. Não apenas reconheceram as novas estratégias utilizadas pelos profissionais da saúde durante um período de crise, como o atendimento à distância aos pacientes, mas também levantaram problemas relacionados a questões como falta de capacitação para os profissionais da saúde em relação ao Covid-19 e ao uso de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), capacidade de testagem limitada e falta de equipamentos. No início de 2021, entretanto, a situação já se alterou. Por isso, a pesquisa será feita novamente, de forma a comparar resultados e entender melhor a nova realidade da pandemia no Brasil.
Acerca das novas formas de atendimento da APS, pode-se citar a visita peridomiciliar, referente à visita na qual o profissional de saúde não entra na residência dos pacientes; a visita domiciliar, as teleconsultas, as consultas por Whatsapp e os telefonemas, sendo distribuídos pelo território brasileiro segundo o mapa a seguir.
Esse novo formato de atendimento altera algumas dinâmicas tradicionais da medicina e mostra a adaptabilidade do mundo globalizado à pandemia e os esforços dos profissionais envolvidos em prol da saúde da população. É importante destacar também que algumas dessas técnicas já eram utilizadas antes da pandemia, mas se intensificaram nesse período.
Outro ponto que vale ser destacado é a falta de EPIs nas unidades de atendimento. Enfrentar a Covid-19 exige o uso de equipamentos de proteção individual, tanto para a segurança dos profissionais da saúde, quanto para a segurança dos pacientes. Os resultados apontam para um risco significativo e para um problema central do combate à Covid.
Para acompanhar mais informações, novas pesquisas e resultados relacionados à APS, acesse o site da Rede APS, desenvolvido pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) com apoio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
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