Saúde bucal de jogadores de futebol é considerada “pobre”

Saúde bucal de jogadores de futebol é considerada “pobre” [Unsplash]

Parte da equipe de Odontologia do Esporte da FO-USP tem pesquisado sobre o estado considerado “pobre” da saúde bucal de atletas profissionais de futebol. Em um momento de pandemia da covid-19, que tem erguido debate quanto à saúde e segurança destes esportistas, o trabalho publicado em 2019 segue atual.

Cada um dos 31 atletas masculinos de futebol profissional que participou do trabalho foi enquadrado na escala Sum Dental “Poor oral health indicator” (“Indicador de pobreza na saúde bucal”, em tradução livre do inglês). 87% deles tinham duas ou mais doenças bucais, sendo que 29.6% destes apresentavam lesões musculares ou articulares recorrentes.

A classificação “pobre” na saúde destes atletas “mostra uma falta de informações quanto à importância de manter uma boa saúde bucal”, aponta Neide Pena Coto, Professora Associada do Departamento de Cirurgia, Prótese e Traumatologia Maxilofaciais da FO, que desenvolveu o estudo junto com Caio Capitani, especialista em Odontologia do Esporte, e Rodrigo Kallas Zogaib, ortopedista e traumatologista.

Fatores como escovação dental, uso de fio dental e visitas periódicas ao Cirurgião Dentista Especialista seriam determinantes para melhorar este quadro, afirma Neide. Para chegar nos resultados, todos preencheram questionários estruturados em tópicos.

Dentre as perguntas, estavam questionamentos sobre hábitos alimentares, frequência de visitas ao dentista, se já fraturou dentes e/ou ossos da face, se faz uso de protetores bucais e que tipo, quanto tempo treina, se sofre lesões musculares com frequência, se tem dores na face, na região da articulação temporomandibular, e se faz uso de isotônicos e suplementos alimentares.

Estes que, como relata a professora, podem prejudicar o esmalte dental — tecido mineralizado responsável por proteger as partes mais sensíveis dos dentes: a polpa dentária e a dentina —, a depender do tempo de ingestão.

O objetivo do trabalho, além de avaliar a qualidade da saúde bucal, era checar a incidência de trauma orofacial — situação de urgência odontológica que exige um atendimento rápido — e correlacionar aos dados do departamento médico dos clubes em que atuam. Nos resultados da pesquisa, os índices também trazem preocupação quanto ao estado de saúde geral dos atletas, além da boca.

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