Transição energética é a mudança de uma fonte de energia para outra. Na história, há a mudança da lenha para o carvão, do carvão para o petróleo, e do petróleo para as novas fontes renováveis, ainda não dominantes.
Com esse estudo, “é possível chegar a um desenvolvimento sustentável e alcançar um mundo de baixo carbono, tentando amenizar as mudanças climáticas”, diz Drielli Peyerl, jovem pesquisadora do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) que atua nos temas de Transição Energética, História da Energia e Tecnologia, e Descarbonização.
No dia 2 de setembro de 2020, a pesquisadora deu uma palestra online com o tema “Transição energética: natureza, variedade e complexidade”, realizada pela AAPG USP Student Chapter. No evento, Peyerl contou a história da transição energética e explicou como o uso de energia está mudando durante o isolamento social, gerando uma reflexão sobre a possibilidade de mudanças maiores após a pandemia.
A aceleração consciente da transição energética pode ajudar a diminuir a temperatura da Terra, buscando um mundo mais sustentável a partir da percepção pública das energias renováveis.
Atualmente, o maior problema da energia é o alto uso do carbono, que impacta diretamente nas mudanças climáticas. Mas qual é o problema do carbono? O CO2 (dióxido de carbono) é um dos principais gases do efeito estufa, sendo assim um dos responsáveis pelo aquecimento global.
E o que isso tem a ver com a pandemia? Durante a live, a pesquisadora mencionou uma mudança que percebeu com o isolamento social: a melhora na qualidade do ar. “A gente observou principalmente em cidades grandes que a poluição diminuiu muito. Aqui em São Paulo o transporte é um dos principais vetores que gera poluição, com a emissão de CO2”. Ela concluiu que esse é o momento de pensarmos em uma transição energética com matriz mais limpa.
Além disso, a pandemia mostra que o uso de combustíveis fósseis pode acarretar riscos à saúde, ao intensificar a poluição do ar e facilitar infecções pulmonares, que podem ser geradas pela covid-19.
A pesquisadora sente que falta divulgação sobre o impacto do consumo e do uso energético. “Eu acho importante as pessoas observarem que o uso energético está totalmente ligado ao meio ambiente”, afirma. Um dos motivos para isso é que as pessoas olham mais em torno da economia do que o próprio meio ambiente.
“Para trabalhar a descarbonização nos próximos anos”, conta Direlli, “precisamos substituir as fontes mais poluentes e emissoras de CO2, como o petróleo, por outras mais renováveis”. Para os transportes já existem combustíveis alternativos, como o etanol e o hidrogênio. Em caminhões é possível substituir o diesel, fonte muito poluente, pelo gás natural liquefeito. Também existe o carro híbrido, com energia elétrica, etanol e gasolina. Todas essas substituições contribuem para a diminuição da transmissão de CO2.
No setor elétrico, substituir as termelétricas a diesel por termelétricas a gás é uma possibilidade mais sustentável. Também existem tecnologias de carbon capture storage, que captam o CO2 e o armazenam em estruturas geológicas. Todo o gás carbônico emitido em fábricas é capturado e armazenado, ou então utilizado em alguma outra fonte.
Apesar de a mudança parecer simples, há o desafio de equilibrar a sustentabilidade energética com os gastos econômicos, visto que algumas fontes sustentáveis ainda são financeiramente inviáveis. Drielli considera esse fator a maior dificuldade da transição energética, sobretudo no Brasil: “A gente ainda tem um longo caminho para ter esse equilíbrio entre sustentabilidade energética e gastos econômicos. É muito difícil uma companhia abrir mão dos lucros para investir somente em sustentabilidade.”
Segundo a pesquisadora, é preciso haver mais investimentos na academia pra que se desenvolvam novas tecnologias a fim de baratear os custos. Porém, ela aponta um problema: “as fontes renováveis são intermitentes, ou seja, não conseguimos armazenar uma quantidade de energia muito alta do que é gerado”. Diante disso, acredita que talvez uma das grandes revoluções seja desenvolver uma tecnologia capaz de armazenar em grande quantidade a energia renovável.
Mesmo com a dificuldade a nível macro, é possível realizar trabalhos individuais para reduzir a geração de gás carbônico. “Junto com a melhora da eficiência energética, é preciso diminuir também o consumo, algo que só será possível a partir de uma reeducação social e do uso benéfico da tecnologia”, explica.
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