Em meio à pandemia causada pelo novo coronavírus e as medidas de isolamento social, o Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da Universidade de São Paulo inaugurou diversos projetos em seu site. O principal deles foi o Podcast do IEB, no dia 15 de abril de 2020, com a proposta de serem lançados episódios todos os dias úteis, às 14h. Além das especialidades de cada apresentador de episódio, são assunto os mais de 500 mil documentos, 250 mil livros e 8 mil objetos que são patrimônio do instituto.
Segundo Diana Gonçalves Vidal, pesquisadora de História da Educação no Brasil e diretora do IEB, o podcast surgiu como uma necessidade gerada pela pandemia. Antes da Covid-19, não havia planos para uma nova plataforma do instituto. Mas, com a quarentena, a comunidade do IEB precisou buscar novas formas para cumprir seu propósito. “Uma instituição de guarda de acervo, como o IEB é, só faz sentido se ela socializar esse acervo. Guardar por guardar não tem impacto na sociedade. O impacto que tem na sociedade é o fato da gente poder expandir o acervo, para você refletir sobre o seu presente, entender melhor o seu passado e aí olhar para o futuro com outras possibilidades”, afirma Diana.
De maneira simples ou, como define a diretora, “artesanal”, os episódios são abertos e encerrados por uma vinheta padrão. Fora isso, não são utilizados muitos recursos técnicos em meio ao áudio. O que é obrigatório é uma imagem com legenda, um título, um resumo do assunto e, claro, autoria.
Compartilhando um acervo cultural em áudios
O podcast nasceu como um projeto colaborativo de toda a comunidade do IEB. Tanto professores quanto alunos, pesquisadores e demais funcionários podem gravar episódios. É por isso que os temas são tão variados: política, educação e literatura são apenas algumas das possibilidades.
Após o primeiro mês no ar, o Podcast do IEB já registrava a marca de mil ouvintes. “Parece pouco, mas ao mesmo tempo é muito, é inusitado para a gente”, define a diretora. Sendo que, segundo dados da Anchor – uma ferramenta que distribui os episódios para as plataformas de streaming – o canal do IEB já havia sido reproduzido na Itália, Espanha, Portugal, Reino Unido, Alemanha, França, EUA, Colômbia, Argentina, México e Índia.
“O nosso público alvo é, basicamente, a sociedade. Não é uma coisa muito para especialistas. É mais para o público em geral, pessoas interessadas na cultura”, explica Diana Vidal. A historiadora ainda acredita que o podcast possa ser utilizado como material de apoio em aulas de graduação, ensino médio e, até mesmo, fundamental II. Isso porque o conteúdo costuma ser pouco aprofundado, muito em razão da curta duração de cada episódio.
Apesar de ter sido criado por conta da pandemia, o projeto deve seguir para além desse período. Em entrevista, Diana o definiu como uma “iniciativa de sucesso”. Tanto em relação ao engajamento da comunidade interna, quanto do público, que ganha uma nova forma de entrar em contato com a cultura brasileira.
As outras novidades no site do IEB
Além do podcast, outros projetos passaram a compor o site do IEB nos meses de isolamento social. O primeiro deles foi o Arquivos do Mês. A iniciativa é do núcleo de Arquivo, que faz uma homenagem mensal aos artistas aniversariantes. A proposta também é uma alternativa para a difusão do acervo do Instituto.
Com objetivo semelhante, de levar o patrimônio do IEB para além dos muros da universidade, no final de maio foi inaugurado o site VER – Anita Malfatti. “É um trabalho de mais de 2 anos, da professora Mayra Laudanna, que terminou agora. E, bom, o momento foi ótimo para ela fazer o lançamento do site” contou Diana.
O endereço virtual agrupa exposições individuais e coletivas de toda a vida de Anita Malfatti, bem como a sua biografia. O acervo do IEB é extenso para a artista e, por isso, o site traz muitos documentos, obras, cartas e textos. A pesquisa se define como distante da crítica costumeiramente feita à Malfatti e essa nova perspectiva se dá pela riqueza e quantidade de produções disponíveis. Segundo a professora responsável, Mayra Laudanna, na apresentação do endereço virtual “VER é perceber, contemplar, divisar, fazer indagação e/ou investigação; VER é descobrir, examinar e chegar a conclusões após conhecer alguém e algum lugar”.
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