Motivar os alunos a estudar e querer aprender para mudar suas realidades. Esse é o objetivo do Projeto Kali, da Poli-USP, que foi fundado em 2013 por estudantes da Escola Politécnica residentes do município de Caieiras. Lucas Freitas, aluno do décimo semestre na Engenharia Mecânica na Poli-USP, e um dos cerca de 40 voluntários do projeto, dá aulas de física aos sábados para os alunos de cinco escolas da rede municipal de Caieiras, a cerca de 34 quilômetros da capital paulista. Freitas conta que o foco são as disciplinas de exatas, matemática, física e química, mas que existem também ciclos extras, que variam de acordo com a disponibilidade de voluntários, que são voltados para ciências humanas, cultura e artes, como, por exemplo, redação, movimentos sociais e inteligência emocional.
O projeto abarca alunos desde o 9º do ensino fundamental até o 3º ano do ensino médio, que recebem aulas separadas de Física, Química e Matemática, além de tutorias individuais, que de acordo com Freitas, têm o objetivo de “tirar dúvidas mais estruturais que podem estar travando o processo de aprendizado dos alunos, e entender seus contexto de vida. A ideia é que sejamos realmente amigos dos alunos, para que confiem em nós e possamos despertar neles a vontade de aprender”, conta.
Uma das formas encontradas pelo Kali para incentivar os alunos no caminho da educação foi um passeio à Universidade de São Paulo (USP), promovido no dia 26 de outubro. Nele os alunos visitaram museus, institutos, o Restaurante Universitário, e conheceram entidades estudantis, como a Bateria Universitária da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, que fez uma apresentação para os alunos, e ofereceu uma oficina, em que eles tiveram a oportunidade de aprender um pouco sobre os instrumentos.
Freitas conta que uma das alunas, que pensa em cursar Medicina Veterinária, ficou encantada durante a visita ao Museu da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP. “Ela passou quase toda a visita conversando com os monitores do Museu, que frequentam a Faculdade, perguntando sobre a exposição do Museu e o curso de veterinária. Ver esse desejo de ingressar na USP e saber que estamos contribuindo para a realização desse e de tantos outros sonhos é muito gratificante”.
O projeto surgiu do questionamento de seus fundadores sobre por que um município com mais de 70 mil habitantes tinha tão poucos alunos na USP. Por morarem no município e estudarem na Poli, foi mais fácil dialogar com a Escola, e com a Prefeitura de Caieiras, que cedeu o Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU) para o projeto atuar, além de uma série de auxílios. “Nosso diálogo com a Prefeitura sempre foi muito bom. Além do espaço, eles oferecem alimentação para os voluntários e alunos, e transporte, que leva os alunos para o CEU”.
Resultados
“O objetivo do projeto é despertar a vontade de aprender e mostrar que vale a pena o esforço para ingressar em uma universidade”, explica Freitas. Ele conta que o Kali não tem um controle institucional sobre quantos de seus ex-estudantes entraram em universidades, mas que existem, sim, alguns casos. “Tivemos ex-alunos aprovados na Unicamp e em Direito na Faculdade de Direito da USP”. Além disso, o projeto já ajudou muitos estudantes do 9º ano a ingressarem em Etecs para o Ensino Médio, cuja matrícula depende da aprovação em um vestibulinho.
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