Cafeicultura determinou crescimento de indústrias na região de Londrina

O estudo analisa a história do café entre os anos de 1940 até a década de 70 (Imagem: Reprodução)

Fundada em dezembro de 1934, a cidade de Londrina teve um rápido crescimento populacional, obtendo cerca de 231 mil habitantes na década de 70. Em meio a esse rápido crescimento, o estudo de Leonardo Antônio Santin Gardenal conduzido na Faculdade de Economia e Administração (FEA-USP) percebeu que a cultura cafeeira teve influência para a região, tanto no desenvolvimento de outras atividades econômicas quanto na atração de mão de obra.

Atualmente a região norte do Paraná possui grandes cidades, uma estrutura social consolidada e famílias tradicionais. O café tem grande influência na origem disso e o estudo é de extrema importância para a compreensão do momento atual.

“As cidades surgiram no âmbito do café, então a principal atividade era a cafeeira. Mas, isso implica em um conjunto de atividades urbanas que se tornaram demandas na região, que supriam a mais imediata demanda de toda a população que migrou para o norte do estado” afirma Leonardo Gardenal.

A partir da análise da historiografia tradicional, o estudo reconstitui as principais atividades econômicas.  Para finalizar a construção quantitativa do trabalho, foi feita a análise de diversos documentos da Codepar (Companhia de desenvolvimento do Paraná), do arquivo de São Paulo e do Arquivo do Paraná.

De acordo com a literatura tradicional, o estado do Paraná se dedicava unicamente ao cultivo de café. O objetivo do estudo era desmitificar isso, apresentar as outras atividades presentes, trabalho que já havia sido iniciado pelo pesquisador na faculdade de Maringá, durante a iniciação científica e monografia.

Um dos motivos para a decadência do café paranaense foi a Geada de 1975 (Imagem: Reprodução/A.Kaiser)

A instalação do café no norte do Paraná

O solo fértil e clima propício não são os únicos fatores para o crescimento da atividade. A região de Londrina estava composta por pequenas propriedades, que dividiram a mão de obra em trabalho familiar e pequeno sitiantes.

De acordo com Leonardo Gardenal, a crise de 1929 readequou a estrutura da cultura cafeeira, e assim, os latifúndios não eram ideias para a produção.

A presença de companhias colonizadoras também foi importante para o estabelecimento do café na região, que promoveram a efetiva garantia de posse da terra que facilitaram o acesso aos compradores.

“As companhias trouxeram benefícios à região através de demarcações mais precisas, a partir da abertura de rodovias e pela extensão de redes rodoviária, fatores que são fundamentais para o escoamento da produção cafeeira” complementa.

A influência do café para a indústria

“Eu chego a conclusão que o café foi assim importante para promover a atividades industriais na região norte do Paraná. Mas o que mais me surpreendeu, é que o café guarda pouca evidência de uma relação enquanto contribuição para formação de capital” evidência.

Diferentemente da região de São Paulo, o capital gerado pela atividade do café no Paraná não migrou para as atividades industriais, ele apenas serviu para influenciar o consumo de bens e para promover essas atividades.

Na década de 50 o Brasil vivia um bust desenvolvimentista como tentativa de superar o subdesenvolvimento que causou aumento de atividades industriais em todo o País. De acordo com Leonardo Gardenal, houve um aumento de atividades industriais no Paraná durante os anos 60, principalmente por conta dessa mudança de pensamento.

O pesquisador também afirma que é a partir do declínio do café na região que se torna perceptível a influência que o grão possuía nas atividades industriais.

“É possível se observar que em fins da década de 60, já influenciada além crise do café, pela defesa do setor industrial, que houve uma redução da população dos municípios menores de Londrina e, também, uma redução das atividades industriais, o que leva a crer que embora houvesse atividades industriais elas gravitavam e estavam determinadas pela economia cafeeira”  conclui.

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