Marina Macambyra nunca se sentiu tão amada. Foi assim que se referiu às mais de 300 reações a uma postagem feita por ela na página do Facebook da Escola de Comunicações e Artes (ECA/USP) ao final de setembro. No breve texto, ela simplesmente lembrava à comunidade que os bibliotecários existem e podem ajudar quem não encontra o que quer.
Ao lado de Lilian Viana e Walber Lustosa, Marina é uma das bibliotecárias de referência na ECA. Estes são profissionais responsáveis por atender o público com uma abordagem mais especializada: eles podem orientar o uso dos recursos da biblioteca para levantamento de bibliografia de pesquisa ou mesmo ensinar como se adequa um trabalho às misteriosas regras da Associação Brasileira de Normas Técnicas.
Além disso, são os três que cuidam da comunicação da biblioteca nas plataformas digitais. A instituição conta com perfil no Facebook, Twitter, Pinterest e com um blog, que existe desde 2009 (cujas postagens campeãs em acesso são “citando filmes” e “citando músicas”) . Esse trabalho nas redes sociais tem se mostrado importante para que tanto os bibliotecários como a própria biblioteca possam ser melhor percebidos.
“Oi, estou aqui.”
Marina motivou-se a fazer a postagem pois vê com frequência na própria rede social pedidos de referência bibliográfica e de ajuda com pesquisa feita por alunos aos próprios colegas. “Será que essas pessoas vêm à biblioteca, pesquisam e não encontram nada ou elas nem vêm e simplesmente pedem uma indicação aos amigos pelo Facebook?”
Mesmo as pessoas a quem Marina atende diretamente dizem que por muito tempo não sabiam que poderiam contar com a ajuda de um bibliotecário. “Pra um bibliotecário é até surpreendente, porque a gente inocentemente imagina que as pessoas sabem o que a gente faz aqui. Mas não é verdade”, diz.
A estratégia de comunicação nas redes é um caminho para tentar dizer “oi, estou aqui, pode falar comigo” e mostrar que os bibliotecários existem, além de divulgar a imagem, os serviços e a própria ideia de biblioteca, conta Marina. Aproximar-se do público e diluir a imagem sisuda que bibliotecas costumam ter é um desafio cotidiano. A equipe não conta com especialistas em redes sociais, marketing digital ou algo do tipo. O trabalho de comunicação é feito na base de um esforço e aprendizado constante para se encontrar o tom entre a linguagem profissional e a informalidade.
Marina avalia que o esforço tem valido a pena. Ela nota que é comum usuários virem à biblioteca motivados por informações disponibilizadas nos diversos canais de comunicação, os quais também ampliam o alcance e agilidade com que a instituição pode atender a interessados, sejam alunos da universidade ou não. E as avaliações no Facebook tem sido bastante positivas.
Saber Pesquisar
Muitos usuários da biblioteca desconhecem não apenas o trabalho dos bibliotecários, mas também os próprios recursos de pesquisa que o complexo de bibliotecas da universidade oferece, comenta Marina. “As pessoas usam um buscador, um Google e elas imaginam que estão localizando tudo o que existe. Até imaginam que o Google busca no catálogo das bibliotecas da USP, mas o Google não busca.”
Além do acervo físico de cada biblioteca e das diversas revistas acadêmicas e livros de acesso online gratuito publicados pela própria USP, a Universidade assina mais de 200 bases de dados de artigos científicos. Estas podem ser acessadas pelos computadores de qualquer uma de suas bibliotecas por qualquer pessoa.
É preciso melhorar o trabalho de divulgação para que mais pessoas saibam da disponibilidade destes recursos, mas isto não se limita a trabalho dos bibliotecários; é preciso que professores também atentem a isso, avalia Marina. Muitos “não falam para os alunos que existem estes recursos e muitos não enviam os alunos para a biblioteca”. Entretanto, quando estas recomendações surgem em sala de aula o efeito é claro, comenta.
Conhecendo melhor os recursos materiais e as pessoas que podem ajudar no trabalho de pesquisa, talvez seja possível evitar uma situação ainda comum relatada por Marina, ver um aluno chegar à sua mesa, perceber tudo que sempre teve à disposição e dizer “puxa, eu queria ter descoberto isso antes”.
A frase sobre nunca ter me sentido tão amada é ironia (naturalmente). Assim vocês me complicam com minhã mãe e meu companheiro… rsrs.