Editor da Reuters apresenta agência para estudantes da USP

Alexandre Caverni, editor de front page falou da história da agência, seus princípios e sobre a importância da credibilidade no jornalismo

Thomsom Reuters, a maior agência do mundo: referência em Jornalismo. Foto: Divulgação

Por Guilherme Weffort, José Paulo Mendes, Marcos Hermanson Pomar e Mateus Feitosa

A Thomsom Reuters é certamente uma referência quando se fala em jornalismo. A agência é a maior do mundo e está espalhada por todo o globo produzindo diversos conteúdos, como notícias, imagens, vídeos e reportagens sobre os mais diversos temas. Entre seus membros está Alexandre Caverni, na Reuters desde a época do impeachment de Fernando Collor, editor de Front Page, que participou de uma das palestras[1] de comemoração dos 50 anos da Agência Universitária de Notícias (AUN).

Alexandre Caverni editor de Front Page da Thomsom Reuters. Foto: portaldosjornalistas.com.br/

No começo, Caverni falou sobre a diferença entre a Reuters e a Agência Estado. Segundo ele, a Reuters é apenas um sexto da presença da companheira de mercado no Brasil. No entanto, quando é observado o alcance global da empresa onde trabalha, o editor afirma que são produzidos 2 milhões e 300 mil notícias por ano e possui jornalistas em mais de 200 localidades.

Sua principal rival, a Bloomberg, é uma agência muito voltada para as notícias sobre economia, enquanto a Reuters tem uma ampla cobertura de assuntos, como esportes. Para dar exemplo neste caso, Caverni lembrou da cobertura que a Reuters realizou em 2016 nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, quando vieram repórteres da empresa de vários lugares do mundo.

Caverni também citou exemplos de ex-alunos da Escola de Comunicação de Artes (ECA/USP) que começaram como estagiários na Reuters e hoje são parte importante do corpo da empresa, inclusive trabalhando na seção internacional. Um deles, inclusive, foi da primeira turma da AUN que visitou a agência com o professor André Chaves de Melo, um dos responsáveis pela Agência Universitária de Notícias (AUN).

Um ponto crucial levantado por ele é resumido ao lema: “Be first, but first be right”, ou seja, “mais importante do que ser primeiro é ser correto”. Segundo Caverni, isto é muito importante, porque dar a informação errada é ficar para trás até mesmo do último a dar a informação. Em outros momentos voltou a falar da política da Reuters a esse respeito, explicando que quando há a necessidade de correção, é colocado um “chapéu”, ou seja, uma chamada acima do texto avisando da correção bastante escandalosa, principalmente quando trata-se de uma informação relevante.

Segundo Caverni, a empresa trabalha muito com tradução de conteúdo de outras filiais da agência espalhadas pelo mundo e raramente replica conteúdos que não foram produzidos pela própria Reuters. Tudo isso, segundo ele, é feito, pois a empresa procura manter ao máximo sua credibilidade, assim como qualquer veículo de jornalismo deveria fazer.

Em relação à cobertura geral, ele falou de exemplos de furos marcantes que foram dados pela Reuters, entre eles a morte de Abraham Lincoln, o naufrágio do Titanic e o anúncio de Nikita Kruschev no XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética sobre as práticas adotadas por Stálin enquanto Secretário Geral do Partido Comunista da União Soviética. Durante muito tempo, a empresa utilizou de pombos-correio para conseguir dar as notícias em primeira-mão, pois este era o meio mais rápido de passar uma informação. Esse espírito inovador marca toda a história da agência desde então.

Por último, entrou nos méritos do jornalismo que a Reuters realiza, ou seja, os princípios da Agência: realizar um jornalismo sem viés; integridade; independência e fazer tudo ao seu alcance para manter sua liderança em relação aos outros meios de comunicação. Segundo Caverni, a manutenção desses princípios é muito importante para a agência seguir fazendo um jornalismo de qualidade, o que é cada vez mais necessário hoje, uma vez que as novas tecnologias permitem que qualquer um dissemine uma informação sem ao menos verificar fontes ou ter credibilidade. Manter um bom nível na divulgação da informação se torna cada dia mais importante.

[1] Palestra proferida no dia 11 de outubro de 2016. Todas as palestras deste ciclo comemorativo foram sediadas no auditório Freitas Nobre, do Departamento de Jornalismo e Editoração (CJE/ECA/USP).

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