Por José Paulo Mendes – jpmendesg13@gmail.com
O Brasil é um dos países com maior número de leis e projetos de lei que visam a ampliação da acessibilidade às pessoas com mobilidade reduzida. Mas isto quase não se aplica a gestantes, que têm a redução de sua coordenação motora por apenas alguns meses. Além desta variável, é preciso levar em conta que na maioria das vezes nem mesmo as leis em vigor são, de fato, colocadas em prática.
Considerando esses fatores, uma pesquisa da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP (EACH) mapeou os caminhos que várias grávidas fazem entre suas casas e a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima em duas regiões, Ermelino Matarazzo e Jardim Keralux. Deste estudo, foi elaborado um software para auxiliar na prevenção de acidentes e que possa ajudar na melhora de políticas públicas de pré-natal.
Feito todo esse processo, o grupo de pesquisa coordenado por Eunice Almeida da Silva deu início a um levantamento socioeconômico dentro dos resultados anteriores: “Finalizada a fase A do projeto, que era a criação do software, partimos para a segmentação da pesquisa a partir de levantamentos socioeconômicos”, conta. Nesta nova fase, foi possível obter dados concretos em números sobre as opiniões das gestantes.
Isto permitiu uma maior compreensão dos problemas específicos de alguns grupos de gestantes e mostrou que há uma grande insatisfação quanto à avaliação dos trajetos até as UBSs em todo o grupo amostral. Entre os dados matemáticos obtidos, um que se destaca é o de que quase 70% dos trajetos realizados por essas gestantes são realizados em calçadas estreitas com pisos ruins.
“A maioria das gestantes passa por áreas em que as calçadas são muito estreitas ou estão quebradas”, afirma Eunice. “Há até calçadas que possuem uma diferença muito grande de uma casa para outra, obrigando essas mulheres a se arriscarem na rua.”
O complemento entre esses dados mais específicos das gestantes consultadas em parceria com a criação do software abre novas possibilidades, segundo Eunice. O grupo apresenta, agora, um amplo panorama da acessibilidade geográfica da região e amplos conhecimentos da situação social e econômica das gestantes.
Com todas essas informações, Eunice afirma que o grupo tem o projeto de desenvolver um aplicativo de smartphone que conecte as gestantes à sua UBS. Por meio disso, será possível ter noção não somente das dificuldades da mulher, como também seu período de gravidez e mais informações relacionadas.
“A ideia é a criação de um aplicativo que sistematizasse as informações da gestante e fosse conectado à sua unidade de saúde. Assim, quando o atendimento fosse realizado, o médico teria as informações dela organizadas e poderia ter um completo entendimento do quadro geral da paciente”.
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