Reabilitação de vítimas do trânsito no Brasil é insatisfatória

Pesquisa de doutorado da FSP traçou um panorama dos acidentes de transporte terrestre

Alto impacto na mortalidade de jovens adultos

Por Natália Belizario – nabelizarios@gmail.com

Os acidentes de trânsito são responsáveis por milhares de mortes no mundo todos os anos No Brasil isso não é diferente e essa realidade tornou-se um problema de saúde pública. Nesse cenário, a pesquisadora Silvânia Caribé sentiu que o tema precisava ser estudado. “Observei que os acidentes de trânsito tinham um alto impacto na mortalidade dos adultos jovens e eram umas das principais causas de atendimentos em serviços de urgência e emergência no país”.

A pesquisa

O objetivo do estudo era elaborar uma panorama dos acidentes de transporte terrestre no Brasil, já que a magnitude do assunto era desconhecida. Para tanto, Caribé caracterizou as internações, as sequelas e os óbitos causados por acidentes.

Silvânia afirmou que a atenção dada ao assunto tem crescido nos últimos dez anos, ainda assim a literatura não é significativa no Brasil. “As publicações sobre sequelas de acidentes de trânsito são escassas. Realizei uma revisão sistemática da literatura, um dos produtos da tese de doutorado, e encontrei apenas dois artigos com a temática de sequelas publicados entre os anos de 2003 a 2015.”

Os resultados do estudo revelaram que as maiores taxas de óbitos causados por acidentes de trânsito são de homens negros, jovens adultos, indivíduos com baixa escolaridade e motociclistas. Silvânia observou que, apesar da taxa de mortalidade ter reduzido entre 2011 e 2013, houve um crescimento no número de mortes de motociclistas. “A provável explicação para o aumento das taxas de mortalidade e da tendência de internações com sequelas físicas entre os motociclistas indica a presença de vulnerabilidades neste segmento da população e a falha das políticas públicas até então desenvolvidas no país para tratar desta temática.”

Falhas na reabilitação

Os acidentes de trânsito são a nona causa mais frequente de mortes em todo o mundo. Pensando nisso, em 2011 a Organização Pan-Americana de Saúde, que é parte da Organização Mundial de Saúde, lançou uma ação pela segurança no trânsito. As metas do projeto foram traçadas para serem alcançadas entre os anos de 2011 e 2020, mas Silvânia concluiu em seu doutorado que isso só se concretizará com iniciativas que sigam além do setor da saúde.

A pesquisadora afirmou que mesmo no setor da saúde alguns pontos seguem com problemas. “A reabilitação no Brasil é bastante insatisfatória”. Sobre esse cenário, os principais problemas apontados são a má distribuição geográfica dos serviços de reabilitação, além do número insuficiente. Para nortear futuras políticas públicas, Caribé ranqueou as sequelas físicas mais frequentes: esmagamentos de membros, amputações e traumatismo de nervos. “Os traumatismos cranioencefálicos foram responsáveis por 92% das internações por acidentes de trânsito.”

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