Disfunção temporomandibular (DTM) requer tratamento individualizado e intervenção multimodal

Levantamento de profissionais da USP indica principais queixas e abordagens buscadas por pacientes com essa condição

Incômodo da dor orofacial. Fonte: Canva

Estudo realizado por professores da Faculdade de Odontologia (FO) da Universidade de São Paulo analisou o perfil de mais de 2 mil pacientes que passaram pelo Centro de Oclusão, DTM e Dor Craniofacial (CODD) entre os anos de 2000 e 2020 com queixa de dores orofaciais. Em entrevista à Agência Universitária de Notícias, os professores Tomie Toyota de Campos e Reinaldo Missaka, além da pós-doutoranda Rosemary Shinkai, afirmaram que a disfunção temporomandibular é caracterizada por alterações nas articulações das têmporas e da mandíbula.

Sintomas

Conforme os especialistas, a DTM engloba uma variedade de condições musculoesqueléticas patológicas na região orofacial e também é a principal responsável pelas chamadas desordens temporomandibulares. As causas são diversas e incluem fatores congênitos, alterações de desenvolvimento, condições sistêmicas e inflamatórias, traumas mecânicos, hábitos nocivos e até mesmo tumores. No entanto, a maioria dos casos é classificada como disfuncional, resultante de alterações na função do sistema mastigatório.

Os sintomas da DTM podem ser variados, sendo que mais de 80% dos pacientes atendidos no CODD relataram dor craniofacial. Esses sintomas podem ser diretos, afetando as articulações temporomandibulares e causando dores, estalos e limitações na abertura da boca, ou indícios de deslocamentos da mandíbula. Além disso, a DTM pode manifestar-se com sintomas como labirintite, zumbido, sensação de ouvido tampado e cefaleias tensionais. Alterações na postura cervical e problemas de sono também são comuns, assim como questões de saúde mental, incluindo ansiedade e depressão.

Incômodo no maxilar é o principal sinal de uma ATM inflamada ou lesionada (Imagem: Reprodução/Freepik)

Maior prevalência nas mulheres

Os dados da pesquisa conduzida no CODD mostraram que os pacientes atendidos apresentam idade média de 38 anos, com uma predominância no sexo feminino. De acordo com os pesquisadores, as desordens temporomandibulares disfuncionais estão frequentemente relacionadas a desarmonias na posição mandibular e na função neuromuscular, condição que pode surgir inclusive antes da adolescência, dependendo dos fatores causais envolvidos.

“Tudo isso, associado a um quadro no qual essa má função seja excessiva, acaba sobrecarregando o sistema mastigatório, tornando-o intolerante às desordens. Dessa maneira, desde que o paciente possua toda a dentição e a depender dos sintomas apresentados, é possível que ele seja diagnosticado com a disfunção temporomandibular”, explicam os especialistas.

Tratamento

Para aqueles que sentem dores orofaciais, a recomendação inicial é buscar um diagnóstico preciso. É essencial consultar um profissional especializado, que realizará exames por meio de análise de sintomas, consulta médica, exame físico e outros exames complementares, como a imagenologia. Os profissionais do CODD destacam que a abordagem transdisciplinar é ideal para tratar a DTM, visando resolver problemas específicos com as dores, função e proteção das estruturas anatômicas.

Os tratamentos disponíveis para esse quadro clínico incluem desde aconselhamento e uso de dispositivos oclusais, como placas miorrelaxantes, até intervenções mais complexas como laserterapia, acupuntura, hipnose, psicologia e medicamentos (analgésicos, anti-inflamatórios e relaxantes musculares). A fisioterapia, fonoaudiologia e ortopedia funcional dos maxilares também são opções e, em casos mais severos, cirurgias das articulações temporomandibulares podem ser consideradas quando os tratamentos conservadores não produzem resultados satisfatórios.

“A utilização dessa gama de possibilidades terapêuticas dependerá do caso e da fase do tratamento. Em nosso estudo, a intervenção multimodal, com aconselhamento, foi o tratamento de primeira linha para a maioria dos casos no CODD. Os exercícios terapêuticos domiciliares executados pelo próprio paciente foram frequentemente recomendados para aliviar dores musculares e articulares e melhorar os movimentos mandibulares”, contam os especialistas.

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