Ideação suicida é maior entre mulheres universitárias que usam a internet em excesso do que em homens do mesmo grupo

Estudo conduzido pela USP aponta a prevalência do comportamento em pessoas do sexo feminino

Imagem: Reprodução/Pixabay

Um estudo conduzido recentemente pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP) apontou que a ideação suicida – isto é, o ato de pensar ou planejar dar cabo da própria vida – é maior entre jovens universitários que tinham acesso desmedido à internet. Dentro desse mesmo grupo, um outro recorte preocupa: a prevalência deste comportamento em mulheres.

Redes sociais

A influência negativa provocada pelas redes sociais também foi um dos pontos levantados pela pesquisa. No estudo conduzido com 503 estudantes, das 9 mulheres que avançaram para o estágio das entrevistas pessoais, duas delas relataram a influência da pressão exercida  pelas redes sociais no seu comportamento. “A internet está acessível para todo mundo, porém o estudante universitário é menos regulável que uma criança, por exemplo” analisa a professora e pesquisadora Irena Penha Duprat, autora da tese de doutorado “O papel da Internet na saúde mental de jovens universitários e sua relação com ideação suicida”. 

A literatura já afirma que pessoas que consomem entre 2 a 3 horas diárias de Internet, durante a noite, já estão mais propensas a desenvolverem transtornos do sono. Além disso, padrões familiares, acadêmicos e pessoais podem intensificar ainda mais o efeito. 

Segundo o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), o número de registros por lesões autoprovocadas foi significativamente maior em mulheres do que em homens. O estudo afirma que, entre 2018 a 2022, foram notificados, no SINAN, 26.428 casos de violência interpessoal/autoprovocada, sendo 10.149 (38,4%) lesões autoprovocadas (compreendendo autoagressão e tentativas de suicídio), praticadas em 72% dos casos por meninas e mulheres. A faixa etária mais acometida foi a de 10 a 19 anos (35%).  

Ideação suicida em universitárias

Em entrevista à Agência Universitária de Notícias – AUN, Irena Duprat aponta a prevalência do comportamento entre mulheres. “É muito comum isso ocorrer na transição do ensino médio para o ambiente universitário, pela transição da adolescência para a fase adulta. A internet torna-se um mecanismo de fuga: o jovem passa o tempo online para fugir desses problemas”.

Apesar do suicídio em si ser a parte mais chocante dessa linha de progressão, a ideação suicida geralmente é a primeira manifestação desse comportamento, que pode ser interpretada como um processo de pensamento e construção de morte por suicídio.

Canais de apoio

Caso conheça alguém que está enfrentando pensamentos ou sentimentos suicidas, há uma rede de apoio pronta para oferecer suporte, compreensão e auxílio. No Brasil, diversas instituições e serviços estão disponíveis para ajudar, como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), Unidades Básicas de Saúde (UBS), hospitais, Unidades de Pronto Atendimento (UPA) 24H e o SAMU 192. Além disso, o Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece atendimento gratuito e sigiloso 24 horas por dia, através do número 188, e também por chat (https://cvv.org.br/chat/) ou e-mail (https://cvv.org.br/e-mail/). 

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