
“A pesquisa busca encontrar anticorpos que sejam importantes para o desenvolvimento de medicamentos contra doenças autoimunes” (Otávio Cabral Marques)
Um estudo realizado pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) busca entender melhor as relações entre diferentes grupos de moléculas do sistema imunológico humano, dentre elas, os autoanticorpos. Eles recebem esse nome porque, em sua maioria, atuam contra as moléculas do próprio corpo. E, por isso, estão envolvidos em doenças autoimunes e em casos mais graves da Covid-19. Entretanto, os pesquisadores da USP descobriram que eles estão presentes em outras interações do corpo humano, não somente em patologias.
Otávio Cabral Marques, orientador e pesquisador do departamento de Imunologia e Farmacologia da USP, conduz estudos sobre as alterações moleculares em pacientes com suscetibilidade a infecções. “Queremos mostrar que as alterações patológicas que existem, relacionadas aos anticorpos, são, na verdade, resultado de uma alteração natural do organismo”, conta o pesquisador. Através desse estudo, os cientistas pretendem modular essas moléculas para que tenham um propósito terapêutico de melhorar o tratamento de algumas doenças, como as autoimunes.
Segundo o orientador, há um engano em pensar que o autoanticorpo é uma molécula apenas patológica. O que os pesquisadores do ICB demonstram é que ela integra a fisiologia normal do corpo humano. De acordo com Otávio, “qualquer indivíduo tem autoanticorpos”, mesmo quem não apresenta uma condição autoimune. O organismo naturalmente produz essas moléculas, mas somente em algumas situações e contextos eles se alteram e causam a doença.
Além do exemplo da Covid-19, os autoanticorpos participam do desenvolvimento de certas doenças autoimunes, como: lúpus, esclerose sistêmica e artrite reumatóide. Saindo do contexto dessas enfermidades, ainda é possível notar a atuação dessas moléculas em doenças cardiovasculares e neurológicas.
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